Bravatas e gravatasAthos Ronaldo Miralha da Cunha
Todos temos o direito de espernear quando o assunto é previdência e, principalmente, se envolve a saúde do nosso bolso. Claro, fosse eu um inativo, jamais concordaria com taxação do meu salário. Entretanto não é uma mera questão de bolso e sim de princípios. Sou contra a contribuição dos aposentados. Mesmo tendo ciência que a grande maioria ficará isenta porque estão com os vencimentos abaixo de R$ 1.058,00
Nesse ponto acompanho a opinião do senador Paulo Paim, que foi o primeiro a se manifestar contrariamente, mantendo sua coerência.
Aqui cabe um parêntese. Sendo o Paim um dos moderados do PT, como será sua “punição” quando votar contra essa proposta do governo?
As reformas proporcionarão grandes discussões no âmbito da conjuntura partidária. Pressinto que o PT fará muitas reflexões nesse primeiro ano de governo. O partido mudará, e quem não acompanhar essas mudanças não terá espaço internamente. Fica uma incógnita: Mudará para que lado? Quais serão os insatisfeitos?
Como a base do partido reagirá quando as antigas propostas forem negadas pelo governo?
Hoje, os petistas mais à esquerda estão insatisfeitos com os rumos que o partido está tomando. E, conforme esse rumo, a insatisfação poderá ser ampliada para outras correntes, inclusive com maior inserção partidária do que os “rebeldes” atuais.
A discussão das reformas será pauta interna e possivelmente a causa da mudança do PT.
O presidente falou que na oposição é fácil fazer bravatas. Subimos em um palanque erguemos os braços e cerramos os punhos. Exigimos as mudanças. E, se deixarem, até fazemos a revolução.
Escrevi em maio de 2002
O que está havendo com o PT? uma reflexão que ainda guarda uma certa atualidade.
Recentemente
Um toque de esquerda sobre o governo Lula.
O momento exige muito amadurecimento político.
Quando FHC assumiu possuía um perfil social-democrata e um passado de esquerda. Naquele momento a esquerda brasileira não foi suficientemente madura para assumir um governo com propostas baseadas na social-democracia. Como precisava de base de sustentação, o que fez FHC? Como não havia aliados à esquerda orientou-se à direita. Foi pragmático em busca de uma maioria no Congresso. A esquerda, liderada pelo PT, foi às bravatas.
Por esse raciocínio tenho comigo que a esquerda deve assumir o governo. Pressionar o governo para que tenha uma postura de esquerda, não se dobrando com as propostas das elites. Se a esquerda não der apoio ao Lula. A direita dará. E como está tentando. Possuem ministérios e transitam com desenvoltura pelos caminhos do governo.
Não existe espaço vazio em política. É um jogo de forças e vence quem pressiona mais. Por isso vamos a rua. Com consciência social temos que pressionar o governo para que faça as mudanças necessárias em benefício de toda a população. O Lula ficará agradecido. Se forem manifestações de peso, ele vai dizer. - Olha pessoal o povo nas ruas está pedindo isso. - E fará porque terá respaldo popular.
Se a esquerda não tiver a ciência disso, as elites farão sua parte, pressionarão e executarão os "lobby" e não haverá o contraponto para Lula colocar na mesa. Vamos ajudar Lula, pressionando-o. Vamos fazer manifestações para que as reformas sejam em beneficio do povo. Se a esquerda tornar-se omissa a direita será governo e Lula será uma imitação barbuda de FHC. Leia o artigo
Será o presidente transgênico? Pressionaremos o governo com as nossas bravatas.No governo, os companheiros estão em uma sala climatizada e com poltronas confortáveis. Trabalham exaustivamente, fazem contas e raciocinam. Os companheiros esquecem a bravatas e ajeitam a gravata para ficarem bonitos na mídia.
Nós, como não usamos gravatas... fazemos bravatas.
Se forem para melhorar a inserção social do governo...
Viva as bravatas!!