A Mãe Sai ao Seu Encontro (*)
(Para minha mãe querida, que por sinal se chama Maria, palavras escolhidas no universo divino de quem tem fé. Deus abençoe todas as mães deste mundo; todos os dias; pois todos os dias, pertencem à elas.
“A Mãe faz muita falta
É preciso encontrá-la no caminho.
Os fracos sabem disso
(...)
Falham, sempre falham.
Dobram-se impotentes
como os joelhos de um enfermo.
(...)
Santa Maria, Mãe de Deus,
que saíste ao encontro de teu Filho,
no penoso caminho da Cruz,
(...)
E quem não precisa de porto
onde abrigar-se?
Que vida se pode conduzir
Sem um refúgio onde acolher-se?
Quem pode navegar
Sem ter ponto de referência,
num tempo incerto como o nosso?
Viver é sulcar mares,
E abrir passagem por entre o nevoeiro.
Não basta a razão, não basta.
É mau piloto para os caminhos da alma.
Demasiado fria, demasiado ingênua,
Demasiado alheada e sempre inexperiente
nas coisas desse mundo,
que nunca são como deveriam ser.
(...)
E, quando um dia esta casca de noz,
batida pelas ondas,
começar a desfazer-se;
e tivermos de reconhecer
que não agüentamos mais,
que não sabemos mais,
que não temos onde agarrar-nos;
então, que acontecerá?
Para onde iremos com a barca despedaçada?
Se crescemos muito,
se, ingenuamente, nos fomos emancipando
dos portos acolhedores da infância,
Onde procuraremos um ancoradouro
para não flutuarmos à deriva?
Onde encontraremos uma luz
para atravessar o nevoeiro?
Onde obteremos calor para romper o gelo?
Em que manancial reporemos
a vida já gasta?
(...)
Não podemos viver só desta terra
que tantas vezes treme
E se desfaz.
Não bastam o pão e o barro
A uma carne que traz
A ferida da morte.
(...)
Santa Maria, Mãe do Céu,
estrela do mar, farol na noite
E porto acolhedor,
rogai por nós, pecadores!
(...)
“Aí tens a tua Mãe!”
Disse-o Ele.
Ele no-la deu a nós.
Sabia que nos faria falta.
Soube-o na cruz.
E antes também, no caminho,
Quando encontrou nela
O olhar de consolo
Que tantos lhe negavam.
(*)O Sinal da Cruz, de Juan
Luis Lorda. “Meditações sobre a via Sacra”.
‘.
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