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Cronicas-->1961 - Embreagem -- 08/06/2009 - 15:36 (Jairo de A. Costa Jr.) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Olhei em baixo da direção e só dois pedais, cadê aquele mais da esquerda, tão normal em outros carros que tive. Olhei no càmbio e nada daquela bolinha com a marcação das marchas. E agora... - mão na direção, usar só o pé direito, esquecer o esquerdo ali quietinho, por no drive e acelerar, que ele segue. Alguém me falou, e não é que segue mesmo e você não faz mais nada, só olha prá frente. Assim, saí a dirigir o novo carro, completo de tudo. Passados quase dois meses, já estou bem no automático e melhor no triptronic. Mas, o meu pé esquerdo não gostou. Apesar do tudo novo, senti falta do velho costume.
Tenho pensado naquela volta ou duas, naquele quarteirão, aquele cara-chato, crianças e crianças correndo, algumas mães, um auê, tudo porque eu estava dirigindo o caminhão, só acelerandinho e brecandinho, só em segunda. O engraçado é que nessa primeira voltinha, eu já não podia usar a embreagem, uma só pisadinha na hora de parar. E vem o carro novo, também nada de usar a embreagem. Porém, depois dessa iniciação, foi um festival de embréa e desembréa, como se dizia então.
Fião, escute bem o motor, olhe prá frente, ó, preste bem atenção, vrrumm, vrum, vrruummm, quando chegar lá na torre, não esqueça disso e é de sétima para quinta, que é melhor. E o vrum-vrum virava nhéco-nhéco. Nos meus trinta e dois anos e por umas seis ou sete viagens, aquela subida, perto de Anhanduí, no Mato Grosso, acabava comigo e tome uma terceira pesada e horas para acabar de subir. Pacientemente meu pai repetia as duas embreadas, rápidas, mas duas e necessárias. Na minha cabeça o erro era do botãozinho de mudança de caixa, na dele eram as duas. O pé esquerdo sempre necessário e garboso, errando e presente, até nas broncas.
Passou a ponte do Matadouro, você pise firme na embreagem, olhe bem prá frente, escute e puxe da segunda, pise mais uma vez e coloque a primeira. Aqui, eu era bem mais novo, até sem carta. Saia de casa e vinha ouvindo o pise assim e o pise assado, na hora agá eu pisava e o motor morria. A subida da Santa Cruz não era mole não, como demorava. Mais demorado era depois disso. Com a mesma paciência, repetia - olha, duas embreadas... e tal. Até hoje, acho o problema ser da alavanca solta do càmbio, ele, eram as duas embreadas.
Quatorze ou quinze anos, caminhão carregado de adubo, os amigos parados lá em frente o João de Araújo, hora boa de dar uma guiada. Deixa pai, deixa. Deixou, não sem antes recomendar - ali na frente passe em primeira. Ai, começou a doer, quase desisti. Fui e a primeira chegou, ficou na segunda. Nhem-nhem-nhem, pegou, pus a primeira e saí, passei o buraco. Nem me lembro direito das risadas, parece que teve até xixi nas calças. O caminhão morreu um instante e despertou as duas embreadas. Olha, e fomos até o sítio... olha, rezei direitinho.
Outra parecida, foi aquela vez, chegando ao Posto do Paulo, vinha trazendo o caminhão lá de Gramadinho, até que numa boa, tudo certinho. Ouvi, chegando perto coloque em primeira, vrum-vrumm. Por quê? De novo, outra vez, morreu o motor. Umas pessoas mais velhas só olharam, nem me contem. Parei ali mesmo, também não tinha movimento. Depois ele cuidou, desci correndo e fiquei quieto. Mais tarde: - "duas embreadas..."
Estão vendo a cartilha e o meu bêabá. Teve outras, tais e quetais, aqui e ali. Ele nunca desistiu e nunca perdeu a paciência. Aí, chegou a vez dos automóveis, adivinhe se ele não insistiu com as duas embreadas, mas como, fusquinha tem dessa não. Por conta própria fiquei só numa mesmo e estava assim até outro dia, quando fui buscar o Golf completo tererê e tororó, sem embreagem. Viram só, sem embreagem. Só dando risada... ah ah...sem embreagem...

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