Há um lado meu que repousa. É como se fosse um descanso, um feriado, um sábado eterno...
Há um outro lado meu que não descansa... Nem cansa... É esse lado do qual encho todos os cantos de um encanto, quando conto o canto da minha voz... É esse silêncio gostosamente barulhento que há em mim, e que encontra eco em tudo que há de belo nos sonhos dos corações dos anjos e nos anseios das almas das mulheres...
(Desculpem os anjos, mas há um paralelo entre os sonhos dos vossos corações e os anseios das almas das mulheres. Desculpem as mulheres, mas tive que dizer que há uma semelhança entre os anseios das vossas almas com o que há de belo nos corações dos anjos. Já debati esse assunto com tanta propriedade que não fui contestado por aqueles nem por estas).
Há algo de infantil nesse meu outro lado... Digamos, inocente. Puro. E me envergonho de falar da minha própria pureza, mas que há de mais puro que ser sério nessa sinceridade de não esconder o que recebi como um dom...
Hoje, me refugio no teu sonho... E levo comigo esse meu lado... Pra que você também descanse, e não se canse de descansar... Porque há um cansaço no descanso que há do outro lado. Há uma fadiga quando o tempo passa como uma lesma nodosa como um pesadelo que se dilui devagar...