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Cartas-->CARTA A JOSÉ CARLOS [sobre o gerúndio] -- 24/11/2000 - 16:28 (Fernando Tanajura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Caro José Carlos,

O Marcus Valéria me repassou sua mensagem. Eu havia repassado a matéria sobre o gerúndio para ele e acho que por isso que ele me deu este retorno. Quero esclerecer que a matéria não é de minha autoria. O autor da matéria é Paulo Oliveira calcado em um texto de Luiz Caversan, como citei as fontes quando enviei a mensagem para o Marcus e que abaixo reproduzo. Aproveito para lhe informar que não levanto bandeiras para defender exatidões de nenhuma língua, mesmo porque nenhuma língua é exata. Quem sou eu? Para defender o vinho-meu-de-cada-dia eu sambo em cinco diferentes línguas em uma velocidade alucinante bem ao gosto nova-iorquino e manter pureza em quaisquer dos idiomas para mim é impossível. Confesso que cometo erros crasos, bárbaros, infamantes em todos eles, mas são com estes erros que me comunico com pessoas do mundo inteiro. Às vezes me dou ao luxo de errar de propósito para salvaguardar a delicadeza da minha poesia o que leva os editores, críticos e público às raias da loucura ou do delírio como este poema que foi incluído no meu último livro publicado que tive que me explicar com os editores e alguns críticos, contudo o público aplaude:

OS ONTENS

Todos os ontens são iguais:
são passado.
Por mais que tragamos para o presente,
recordemos, relembremos, revivamos:
são passado.

Não é mais o mesmo beijo.
Não é mais o mesmo abraço
e o gozo deixa de ser.
Beijo, abraço, gozo
são passado.

Os ontens
e os antes dos ontens
assim como os muitos ontens
antes dos antes
estão fadados a morrerem na memória.

(in Dos beijos - pag. 83 - Editora Blocos - Maricá/RJ - 1999)

O meu ponto de vista sobre a afirmativa do Bandeira ["é difícil fazer poemas em Português porque não é Língua poemável"] se não foi tirada de um outro contexto, acho imatura e pueril porque toda língua é poemável e não é tão difícil assim fazer poesia seguindo as regras - a linguagem poética é que pode ser diferente. Hoje mesmo escutei uma série de poemas em japonês. Não entendi nenhuma palavra nem sei se gramaticalmente estavam coretos, mas me deliciei no ritmo diferente de fazer poesia que não é necessariamente o ritmo de Camões. Em poesia nada é definitivo ou exato, inclusive as regras gramaticais, porisso é que existe a licença poética que permite a nós poetas estarmos acima de qualquer lei imposta pelo Homem ou pelos deuses [risos]. Eu tenho poemas publicados com palavras que não existem em dicionários, contudo fazem sentido dentro do poema e quem me lê me entende. Sou um gênio? Sou um bandido? Sou um pária? Não sei lhe responder.

O que entendi no artigo referenciado é o "uso abusivo do gerúndio" quando se pode utilizar a forma correta e não a abolição total do gerúndio e isso concordo perfeitamente com o articulista, apesar de ele deixar uma dubiedade na afirmativa final "Abaixo o gerúndio!" que parece querer abolir de uma vez por todas essa forma verbal. Ele foi infeliz em encerrar o seu pensamento desta maneira porque leva o leitor a acreditar que o gerúndio é maléfico e tem que ser abolido. Quando li o texto pela primeira vez também fui levado a esta dúvida. Quando reli e estudei melhor vi que fecho foi inapropriado.

Espero que as minhas discordâncias e o meu ponto de vista não lhe incite a me jogar pedras [mais risos].

Aceite um grande abraço

Fernando Tanajura
http://www.usinadeletras.com.br/exibetextoautor.php?user=tanajura


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Caro Marcus,
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Caso ache conveniente, passe este comentário à pessoa que o enviou. Acho que um poeta bom como ele deveria prezar mais a delicadeza da Língua de que sua exatidão. Aliás, o mesmo Bandeira citado no artigo afirmava que "é difícil fazer poemas em Português porque não é Língua poemável" e completava "sem maltratar o idioma, não há como versejar senão à moda de Camões, credo!"
................
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Caros(as) amigo(as),

Quando já se comemorava o ocaso da abominável expressão a nível de, eis que surge -não se sabe de onde- outra igualmente vilã da língua: a junção dos verbos ir e estar (ou, pior, sua corrupção tar) com algum gerúndio. Exemplos: vou tar fazendo (no lugar de farei); vou tar avisando (avisarei);
vou tar comunicando (comunicarei). A imprensa parece ter entrado numa saudável cruzada em defesa de nosso idioma, denunciando o vício que se alastra. Não é demais reforçar a vigilância, com a reprodução, aqui, de uma dessas reações, de autoria do repórter especial da Folha de S. Paulo Luiz Caversan:

Vamos parar de estar falando besteira? O gerúndio toma conta do besteirol telefônico. Você liga para um serviço qualquer via telefone, pede uma informação, e a voz do outro lado responde: "O sr. pode aguardar um pouco, que eu vou estar anotando seu pedido?". Você liga o rádio, e um especialista do Procon ensina ao consumidor o que
fazer no caso de saques irregulares na conta corrente: "Primeiro, ele deve estar providenciando um boletim de ocorrência. Depois, deve estar procurando o Procon para as medidas cabíveis.". Estar verificando, estar enviando, estar aguardando, estar batendo o telefone, estar desligando o rádio, porque não dá mais para aguentar tanto gerúndio. Vou verificar, o sr. deve aguardar, eu bato o telefone e desligo o rádio porque não aceito mais essa deformação que está em curso na pobre língua pátria, vítima de tantas agressões. De tanto eu insistir, até o
nosso genial Pasquale Cipro Neto já abordou a questão em suas tão elucidativas colunas na Folha. Numa delas, deu exemplos, como: "O senhor
pode estar fornecendo o número do cartão?", "Vou precisar estar marcando uma reunião", "Um minuto, que vou estar verificando". E me contou que, num dia em que perdeu a paciência e perguntou por que a pessoa do outro lado da linha não dizia simplesmente "vou verificar" em vez de "vou estar
verificando", ouviu a seguinte pérola: "Porque essa é a maneira correta de estar falando português". Tudo bem, ao longo dos anos a gente vem aguentando "poblema". "pobrema", "nóis vai", "solvete", "pograma", "muié", "cumê", "durmi" etc. Afinal, como diria o Manuel Bandeira, essa é a "língua certa do povo", e esse povo é inculto mesmo. Agora, ter que ficar aturando uma enxurrada de gerúndios desnecessários e enervantes, que só servem para desvirtuar a musicalidade e a eficiência de nossa língua, aí já é demais. Principalmente porque essa mania contaminou gente de um certo nível escolar: secretárias, atendentes
de telemarketing, funcionários de empresas de cartões de crédito, serviços de informação em geral e até um ou outro radialista. Ou seja, gente que deveria saber e poderia falar corretamente.
Mas que acha chique a forma composta "vou estar", certamente oriunda de manuais em inglês que propugnam o "I will be" qualquer coisa. Agora chega, não fico mais quieto diante desse mal. Abaixo o gerúndio!

Luiz Caversan
(na seção Pensata/UOL de 16/10/00)
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Enviado por: Paulo Oliveira
jornalista, SP, sócio-diretor
paulo@dancadachuva.com.br
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