Aproxima-se a festa maior da cristandade e eu me apresso a enviar-lhe meus votos de feliz natal e muito venturoso ano novo. Estou respondendo a sua carta de 9 do corrente.
Pela ordem, o que você me pergunta:
1. Sobre o título de “Por que Petrônio não Ganhou o Céu”.
R – Há 4 formas de usar o “porquê”. Usei-o sem a interrogação porque essa expressão, quando é interrogação e no começo da frase, conforme registram os gramáticos, é sempre separado. Portanto, não havia mais necessidade da interrogação, além de ser antiestético esse traço em títulos de obras.
2. Usei, em dois contos, a inicial minúscula em todos os parágrafos.
R - É um modismo dos escritores ultramodernos para chamar a atenção do leitor. Foi apenas por imperativo estético, visto que esses contos concorreram a concursos e foram premiados. Assim, quis conserva-los na sua forma original. Pela gramática tradicional, em concursos e documentos oficiais, começar o parágrafo por minúscula não é permitido, eu sei e você também sabe – essa a razão da pergunta, eu entendo.
3. Sobre meu livro “Poesia in Completa”, cujo título lhe despertou curiosidade.
R – No momento não disponho dele, trata-se de obra esgotada e editada pela Fundação Cultural “Mons. Chaves”. Vou entender-me com ela para ver se consigo um exemplar para você, já que se mostra tão interessada. Como disse: “Sou um sustentáculo da cultura, para que os novos tenham seu espaço”. Por acaso, você deseja ser escritora? Poeta? Romancista? Contista?
Finalmente, junto cópia de uma carta que há muito tempo fiz para outra estudante – a Roseli dos Santos Freitas, de Jaboti-PR – respondendo a muitas perguntas que me fez na época (11.5.1998). Penso que as respostas que dei muito lhe interessarão, visto que tanto me admirou pela obra.
Conheço as dificuldades de quem mora no interior, pois eu venho do interior, onde não havia (naquele tempo) transportes e as grandes distâncias eram feitas em lombo de animal.
Escreva-me sempre que tiver necessidade de conversar com um escritor e amigo.
Afetuosamente
Francisco Miguel de Moura