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Cartas-->Carta histórica -- 20/03/2005 - 15:31 (Isaias Zuza Junior) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Teu sonho de jardim e sol, teus fios de reflexão, teus olhos negros e grandes, cada vez mais pertos, cada vez mais certos, cada vez mais medos, cada vez mais seguires, e tudo, e mais, e além disso, eu vejo ficando cada vez mais olhos em mim, fincando as peles; fincando mais que a luz, a carne uma só tirada de minha costela de adão.
Eu caminhava o mundo, e descansei perante os girassóis suspensos em seus cabelos, tão cor de sol, tão lisos, tão arder nos olhos, a cor que fizeste assim parecer na tessitura formando relevo em tua cabeça, carranca de proa, no mar em que me afogo, no mar de gente em que muitos andam perdidos, muitos não sabem como voltar à terra. Mas eu sei voltar, eu sei nunca mais me afogar, nadar às beiras das praias. E foi assim que eu, volvendo à terra, caminhava o mundo. Em terra cada vez mais firme, eu fui dar em jardim, terra de raiz, fincar na aragem minha semente de ficar em ti, de crescer nos tempos, de geração em geração, se contigo eu fosse pai, e você, comigo, fosse mãe. A natureza mata, a natureza cria; se envelhecemos, e se morremos, ainda assim somos jovens na descendência; e assim nos renovamos cada vez mais, a cada vez que sopra o vento de Deus dentro de nós, cada vez que vem a nós o sono que traz ao homem a mulher amada, tomando a este a parte que lhe cabe, e devida, costela de adão.
E formada a mulher, e formada a irmã, de minha formação a bem querida, eu possuo o corpo, e a mim me recebes, que de mim me entrego, que de mim me faço o que se encontra nos jardins de passeio público e nos atrás das casas, jardim tão privado, e tão secreto, onde sentam os amantes e assim esperam o fim de suas vontades, saciadas as suas carícias. Bel jardim, eu sou a flor que fica quieta, a flor que regas de tua boca, com a água que se vai dos poros, que se vai do corpo, água que se fica retida em nossas
barreiras. Bel jardim, eu sou o verde de cada capim, de cada pedaço de chão, o canteiro por inteiro, cada semelhança que há entre os dessemelhantes seres dos jardins a trafegar naturalmente por suas moradas dentro da terra. As formigas assim se entregam aos seus afazeres diários, e não se incomodam com os que ali transitam, seja o homem, seja a mulher, ou ainda alguma coisa que fica raiz dentro do solo, assim misturando da união dos amantes uma androginia que resulta em flor e cheiro, o cheiro de Deus, que faz unir o que não pode separar ninguém.
Assim eu te tenho, de corpo inteiro e guardando teus olhos o que mais me faz na memória lembrança. Seus olhos são candeias de luz forte, são cadeias que me libertam dentro de ti, são fortalezas que liberam fogo contra qualquer inimigo que de chegar perto dê medos, provoque dúvida, e faça sofrer com falsas promessas.
Não tenhamos medo, minha promessa é que é verdadeira, e é de coragem a parte que é de direito seu no mundo das passagens e pontes de elevação para que passe os barcos que levam gente à terra do viventes. A sanha que bem provoca essa coragem é uma forma de biografia, é uma vida disforme do modo de ver dos homens com medo. Não tenhamos medo.
E assim, chegados à terra, caminhamos por areia, barro, e seca, até chegarmos ao jardim. O solo fica cada vez mais terra firme. Assim temos o nosso fundamento, deixamos receber do sol a existência em nossas raízes. E seguimos crescendo para todos os lados, seguimos envolvendo toda a terra de vegetais e fores; e crescemos horizontalmente e verticalmente, para o alto céu, e para os confins dos continentes. Seremos pais de multidões, de milhares, e milhares de milhares. Nunca faltará descendência a nós, e nossa tribo será de leões, e nossas festas de colheitas, e nossas ofertas os nossos corações e nossas primícias de tudo que fizermos com as mãos, do suor de nossos amores, e nossos trabalhos dos dias. Enfeitaremos os campos com ramos e a diversidade das flores, e suas multicoloridas pinturas naturais. Enfim, nunca faltará a quem nos suceda no trono perante o nosso Deus, que nosso Deus é amor. Nunca nos faltará descendência para reinar no campo de jardim. É esse o caminho para o futuro, o alvo, a meta, a corrida guardada por todos os séculos, e onde caminho, e onde prossigo; e aonde vais tu, de cabelo vasto, de castelo e paços, e andares de encontrar o meu mundo em teu mundo, caminho que só leva a jardim, e, além, caminha mundo, círculo que faz ver pequeno tão grão de poeira a separação de águas e terras chamada casa dos homens. Por isso domine o homem sobre toda criatura vivente debaixo do céu. Eu você rei e rainha, senhor e senhora do baile. O mundo faz sua andança, e seu giro, girandança. Não há nada de novo debaixo do sol, que meu amor por ti é antigo como o amor de Deus por seus filhos, suas antigas criações. E assim te tenho amor, tão amor antigo, tão eu quanto você.
E de amar assim, eu sei que não é apenas de alma, não é apenas no beijo de Deus tocando seus lábios em nossos lábios como forma de vida, mas é uma forma de amar que não se vê puramente humana, pois que é de antigamente, como amam os animais, adentrando uns aos outros, e conhecendo suas partes mais fundas, e conquistando suas fêmeas, e recebendo seus machos. Tudo pertence a natureza, e assim é por criação da palavra divina.
Tudo é tão fúria natural, o jardim desabrochando flores, a morte de suas pétalas, a corola que formam em nossos enterros, a água dos maremotos invadindo as casas com seus jardins, os raios queimando os campos, os homens amando suas as mulheres, as mulheres amando seus os homens, o cio dos animais que domamos para nos servirem e não sabemos nos domar quando viramos bichos, bichos do cio, bichos que procriam, e se amam lentamente, devagar na combinação entre natureza e gente. Que a mulher não renegue ao homem a parte que lhe cabe; que o homem não renegue à mulher o que lhe é por devido direito, a não ser que seja para parte ser na adoração com Deus, a mesma adoração que tenho contigo a me exaurir porque você também morre. Nós, uma só carne – o que vive, vive em ambos; o que morre faz morrer mutuamente a parte que nos cabe, uma só carne. Se morres, eu morro; se morro, morres tu, como na natureza, vulcão expelindo fogo, recriando paisagem, fazendo novo o mundo que caminhamos em jardim, em terra vasta, em campo aberto, aldeia, clã e tribo de leão forte. E assim cumprimos a luz e a pele; não só a luz, a qual faz somente sonhar, mas também a pele que faz concretizar, e trazer à existência o que parecer pode ser impossível aos homens com medo, aos homens duvidosos de receber suas as gentes, e suas as histórias dos amores, dos senhores com suas senhoras, e seus filhos, e suas filhas; toda uma geração para todo o sempre, amém.

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