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Cartas-->Carta nº Festa em um campo de favas -- 20/03/2005 - 15:29 (Isaias Zuza Junior) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Eu já escrevi tanta carta para dizeres de amor, mas para ti é nova minha palavra querendo perder a luz para ser apenas pele, só os toques, só as cavas para te dar mais que qualquer planta, mais que um campo fértil da terra que me é por herdade. E se quer perder luz também porque é no fim do baile noturno que há estrelas, e há céu de noite ventando brisa; fôlego de cio; suspiro de ficar de pé; dizer de respiração, por assim dizer, gás que explode cantiga.
Eu não tenho razão para te contar meus dedos, e minhas palmas de mãos abertas, meu cultivo dos alimentos que me fortalecem; e não tenho nada de motivo algum para fazer de lenda minhas danças, meus cânticos, e as alegrias que vejo no rosto das pessoas, essas mesmas das quais fazemos parte em uma mesma gente, massa de corpo um só, com dons que não se querem os mesmos, com olhos que não ignoram mãos, mãos que não menosprezam os pés, que tudo é de um mesmo bater de coração, coração que bate de um mesmo amor. Mas tão forte, tão forte, tão forte o amor dos homens por suas mulheres, que não se pode negar ser o mesmo que ter a vizinhança, os amigos de colégio, os laços costurados nos bares – o que não é senhor e senhora de baile com coro e orquestra para cantiga e dança de corte. Eu só sei que possuo tão bem meu bem querer, que a mulher de minha mocidade – ainda que não seja mais assim porque passa o tempo – é desde agora em eternidade, sempre, que nosso Deus é sempre o mesmo, mesmo amor, a saber, nosso Deus é amor.
Uns brados de guerra, uns abaixares de cabeça, alguns silêncios nas esperanças alheias, e nossas, visto que também somos alheios para outros uns. E fazemos tanta coisa para saber o que é de amor que temos um pelo outro. E fazemos pouco, fazemos aos poucos, como que para sempre, para não acabar nunca mais do baile que festejamos nossa tribo, nossas vitórias. Toca a trombeta. Um espírito caminha; e voa. Coisas que ninguém vê por matemática, física, química ou biologia; e também não basta que um tanto de letras avulsas represente cada dia o mal do dia no coração.
É festa. Toda festa tem sua celebração. Eu celebro tanta coisa que é parte de minha roupa de festa e com todas as fases de minha sede, e de minha fome, e de meus objetos, e, do que não é meu, minha parte que sonda apenas o meu Deus.
É festa. Toda festa tem música e dança. Eu faço meus passos; dança, eu faço conforme tuas ancas. Quem toca é você, como bem entende o que não consigo como fazer entender. E assim, apenas deixo as notas como fossem no piano, na geladeira, no gesto – uma escrita que te faz perfeição, e qual eu deixo apenas encaixar um texto como esse de fazer para você você ser mais que dança, e mais que baile, e mais que tocadora de piano; mais, mais, mais que a comida, e a sua força, e o campo de onde tenho visto sua semente fazer mais que ser o campo eira de milhares e milhares de milhares que matam suas as fomes do mundo.
Tem assim tua dança, que és tu cada compasso da volta de minha letra na melodia que produzes na junção de céus e de terras, ligando tudo por um pouco dentro de nós. Faz, que te tenho não medievo, porque isso é coisa do passado; eu quero um ritmo sagrado por todos os momentos, que não é de ontem, não de hoje, e nem do futuro. Eu só desejo saber da cadência que não intenta acusação contra os escolhidos que se entregam em coração no perceber o poema – a ver um no outro mutuamente o gesto de que te quero -; saber da cadência que não é tribulação, angústia, perseguição, fome, nudez, perigo, espada; saber da simetria que não é a morte, e nem a vida efêmera, ou vida de anjos, principados, e de potestades, simetria que não cabe no presente, nem no porvir. E vai assim, minha dança, que tem sua parecença, não é assim cadência das alturas, nem das profundidades, nem de alguma outra criatura que deseja me separar do amor que tenho. Minha virtude é assim. Faz, compreende, ilumina-te, responde, sobe, derruba, que os inimigos pensam ser campo de batalha e não de festa. Eles não entendem, que esse saber, que isso, é coisa para os escolhidos a nação da terra onde crescem as favas, mana leite e mel, e existe pão e vinho.
Tira, canta, levanta-te. Eu chamo os muros desse campo de porta das nações, porque qual a gente que não sabe que com a união de suas mulheres e o crescer de sua descendência pode-se deter uma guerra, nos unir em amizade, e ser exemplo para as bocas que ainda têm fome – como a minha era antes de ver tão vasto campo de fava, eu plantador de feijão – e ser exemplo para um amor igual, um amor mais, um amor semprecidade dos toques dos corpos de um homem e de uma mulher, como há no que é a história de um livro – um escritor e seu leitor quando se amam no fazer com energia rever a estória da gente. Assim, mulher és, e eu teu esposo; semente és, e eu teu plantador; ser grão é teu destino, que o meu é te encontrar, e me alimentar.
Reforça, anima-te, permanece, que tua raiz fica no meu solo. Eu tive tanto cuidado... tanto cuidado para fazer tua fazenda multiplicar, e ser tanto mais dentro de você quanto for dentro de mim. Eu já não sei contar tanto, assim de muito, o quanto eu fiz de água para regar como serôdia chuva a tua essência.
Seca, que tua gota eu já não sei ser de qual gozo. De onde vem? Da maturidade do corpo? do poço que te fiz para te alimentar? Junção curiosa esta a de ser vem um só corpo e poço d’água, um gozo só. Eu sei apenas que tiro água daquilo que sei construir, seja tirar água do fundo da terra, seja tirá-la do fundo do meu coração cio. Só assim eu sei te amar, te confundindo com o que eu como, com o que eu possuo de bens, e com que tenho de motivo de festa, e tenho de quê de amor e vivência qualquer – de morte e vida eu a tenho, alma de leitor e de leitriz.
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