A careca masculina comporta inúmeros tipos e variantes. Há as carecas de senadores, sempre lustrosas e alinhadas. Neste tipo o expoente máximo é o senador Esperidião. Agora ele está governador mas a careca, convenhamos, é de senador. Há que reconhecer que Seu Esperidião possui a careca perfeita. Há de ser invejado por qualquer careca assumido.
Há carecas mais modestas mas não menos famosas como a do meu herói, LFV. A pior delas me parece ser a tonsura, embora tenha a vantagem de ser descoberta apenas depois que você já passou e assim mesmo se o passante olhar para trás. Como as demais, não resiste a um vista aérea, o que é um problema para os baixinhos. Há carecas que vão e carecas que vem. Quero dizer, vão da frente para trás, ou vem de trás para frente e há também aquelas distribuídas. Tecnicamente, não são carecas perfeitas, uma vez que há alguma proteção capilar, embora inútil. Há mesmo quem diga que não são carecas. Não concordo. Estando à vista o couro cabeludo, mesmo que sem grande brilho, em minha opinião já se está na presença de uma careca. Uma carequinha sem graça é verdade, mas é uma careca. É o caso do Ciro. Tem aqueles fios na tentativa de disfarçar, mas é careca, não há apelação.
Muitos não apreciam sua condição de careca e há mesmo quem disfarce, tente disfarçar, melhor dizendo. Na realidade pensam (ou tentam) evitar tornar-se ponto de referência ou alvo em campos de futebol. Neste aspecto eu concordo, são situações desagradáveis, principalmente a segunda. Contudo, qualquer tentativa é inútil, todos sabem que embaixo daqueles escassos fios penteados ao contrário, há uma careca indisfarçável. Há mesmo tentativas de deixar crescer as sobrancelhas na esperança de formar um topete que, visto de frente, disfarce completamente a falta de retaguarda capilar. Ocorre que o processo é muito lento e os resultados ainda não são confiáveis.
Há mesmo os falsos carecas. Como muitas vezes acontece, ganha milho quem não tem dentes. Falo dos que adotaram o estilo Ronaldinho, zerando artificialmente a participação capilar, pelo menos a superior.
Não é de hoje, mas começa a ganhar notoriedade um novo tipo de careca. Ficam por aí aprontando das suas, aproveitando os tempos de liberdade e, sobretudo, a ausência de policiamento. Não raro matam, como aconteceu há alguns dias. Não sei bem o que se pode fazer com esta turma. Se a pena de morte ou uma boa surra não são aceitáveis (ficaríamos no mesmo nível), há que inventar algo além da cadeia. Talvez limpar fossas por dois ou três anos, mesmo correndo o risco de ofender as fossas.
Como se diz das idéias, toda careca é válida. Menos estas últimas.
São carecas do mal.
Escrito em 14.02.2000 |
