HOSPEDEIRO
maria da graça almeida
Abro meus poros
e te recebo por inteiro.
Que eterno eu te seja
o constante hospedeiro.
Em meus ombros eu te aceito
feito preciosa carga,
em minha boca te deleito
e te adoço a língua amarga.
Nos olhares, com efeito,
eu repinto-te a paisagem,
com meus vasos dou um jeito
de perfumar tua passagem.
Em meu coração te disponho
aconchego e criadagem.
E, desperto ou em sonhos,
minha alma eu te proponho
e em teu peito me suponho
com um corpo de vantagem.
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