Nem o tempo conseguiu
Desfazer os momentos
Vividos contigo...
As lembranças continuam
Vivas... O criado-mudo com copos
E restos de vinho, o charuto adormecido
No cinzeiro e a cama desarrumada.
No banheiro, as toalhas ainda úmidas
Com o aroma do teu corpo.
Ainda sinto o cheiro
Que deixastes impregnados
Nas paredes do meu quarto.
Já pintei as paredes, mudei os móveis
De lugar, troquei as cortinas...
E nada! Tudo me lembra você!
Os lençóis amarrotados
Tem a forma do teu corpo
Os vincos deixados nele
Parecem serem eternos...
Já os lavei e passei a ferro
Os vincos estão lá...
Irredutíveis!
Intactos como se você estivesse
Acabado de acordar...
E as marcas do teu corpo
Ficassem esculpidas nos lençóis.
Que loucura! Parece até bruxaria.
Não consigo me afastar
Destas recordações!
Troquei os porta-retratos do criado
E de repente olho e vejo tua foto
Ali, como antes, e penso:
Ele voltou! Ele voltou novamente!
Delírio ou maldição!
O vento que entra pela janela
Traz o perfume que você usava
Após o banho e isso
Faz-me sonhar de novo.
Tudo me lembra você!
Até o vento, faz-me
Lembrar quando estávamos
Deitados naquela cama...
Por isso, acredito que
As marcas nos lençóis
Serão eternas!