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Artigos-->BALANÇA CORAÇÃO! -- 04/05/2003 - 23:38 (Jeovah de Moura Nunes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos




O coração de um homem que beira os sessenta anos não tem as mesmas energias revitalizantes do coração de sua juventude. Isso é óbvio. Contudo, é na velhice, ou no início dela - uma vez que sessenta anos não significam necessariamente a velhice - quando os sentimentos de um homem mais se alcandoram a um limite de impacto. Sim, porque tudo se transforma em poesia. Tudo que se ouve, que se toca, que se vê, que se sente vêm sobrecarregado de energias que acionam o emocional. Até mesmo quando se fala, fala-se emocionalmente.



Tenho cinquenta e oito anos. Quando me ponho a escrever uma poesia, cuja presença me vem aleatoriamente, fico deveras emocionado antes mesmo de começar a escrever. Parece-me sentir ou conhecer já de todo o conteúdo do poema. Geralmente, a causa pode ser uma lembrança longínqüa do passado, enfeitada pelas notas dulcissonoras de um piano, ou de uma canção que também me leva às recordações. Nem por isso o poema sairá de forma saudosista. As lembranças são apenas o ponto de partida para um tema, muitas vezes, pujantes de filosofias, espirituais ou não.



Este assunto, embora enfadonho para muitos, não o será para aqueles que se propõem a ser um escritor. Escrever é um ato de muita responsabilidade, porque um dia poderemos ficar sumamente arrependidos por havermos colocado a público pensamentos errôneos. Errar é humano, o escritor porém, não pode errar porque ele não é totalmente humano. Está na carne, mas respira universos ainda não amanhecidos.



Escrevo desde a minha adolescência, mas somente agora quando escrevo, sinto a emoção da grandiosidade de uma palavra, da colocação de um pensamento bom ou ruim. O coração me acompanha no raciocínio, porque se antes só havia coração agora há uma emoção maior no raciocínio. Em breve, na qualidade de "velho" estarei escrevendo coisas que vão me matar de emoção, neste país cujo respeito nunca foi para os mais velhos e sim para as abundantes bundas de raparigas gorduchas e rebitadas, nos bundalelês da Bahia.



Vergonha de ser velho? Isto nunca. Estou muito bem na minha entrada deslumbrante na velhice. Só lamento ter que voltar em novo corpo, novo menino, novo adolescente, nova juventude, novo homem. Só depois disso tudo nascerei de novo na pele de um outro homem velho, sendo eu mesmo o de sempre. Digo isto porque enquanto somos jovens não deixaremos de ser tolos. Só o idoso tem capacidade de discernimento que os jovens buscam as custas de muito sofrimento.



Meu coração não vai balançar mais inutilmente. Ele esforça-se para trabalhar lentamente, assim como lentamente escrevo meus poemas que vêm da mente... também lentamente.



(Jeovah de Moura Nunes)
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