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Poesias-->CASA DA RIBEIRA -- 02/09/2001 - 06:14 (joão rodrigues barbosa filho) |
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Uma manhã acordei
E algo saí procurando
Um murmúrio escutei
Era o rio cantando
Uma cantiga de amor
Vivída por água e areia
Mistura que fez nascer
A nossa querida Ribeira
A cidade foi crescendo
Subindo pela ladeira
E com ela fenecendo
Aquela que era a Ribeira
Pouco a pouco perecendo
O mastro de muitas bandeiras
Países, vultos de muitas histórias
Deram-lhes as suas ruas
Um pouco de suas glórias
Data maior da répública
Seria mais uma falena
Saudades da coisa impúdica
Beco da Quarentena
O bonde que então existia
Transporte de quem tinha pressa
Onde tudo se exprimia
Os lamentos do poeta
Ali também se ouvia
Tisteza também é poesia
Tempos não voltam mais
O cheiro da maresia
Embriagava o cais
As tardes lembravam fogueiras
O sol já no poente
Nos mostrava a Ribeira
Um pouco mais perto da gente
Vivi ali, criança
A ilusão derradeira
Cresci e vi a matança
Da velha, querida Ribeira
Foi-se num último apito
Deixando seguro porto
Não atendendo ao grito
Deste peito quase morto
Cresci e vi o morrer
Meu local de brincadeira
Não queria perecer
Como se fez a Ribeira
Uma noite tive um sonho
Água areia e cimento
A tijolos se juntavam
E diante ao firmamento
Esta casa levantavam
Outra noite eu sonhei
E aqui me imaginava
Com os trajes de um rei
Um artista encenava
Uma peça de Natal
enquanto outro ensaiava
Ontem à noite eu acordei
E senti que não sonhara
Era real, verdadeiro
Tudo o que imaginara
Vencendo despenhadeiro
Meu sonho se realizara
Surgiu assim altaneira
Palco para grandes atos
A CASA DA RIBEIRA
Produto de um sonho
De guapas e guapos
Agradecida a Ribeira
Trás reverência e fanfarra
A esta gente guerreira
Que sonha e também trabalha
Depois de tremenda luta
Eis que vencida a batalha
Nesta noite vendo vocês
Sinto-me no paraíso
Agradeço, mereceis
Por isso vos dou um sorriso
Quem fez por mim o que fez
Merece o regozijo
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