Vi recentemente, e minhas retinas guardaram muito bem as imagens, que fiz questão de não deixar minha memória apagar: um retrato inglório de violência e, o que é pior, a vítima era um firme defensor dos direitos do homem. A fotografia estampada em vários jornais alagoanos mostrava a face ensanguentada de um homem bom, pleno da lucidez divina. Um homem que, apesar de viver no mundo moderno, traz um pé no céu e outro na terra. Alguém que decidiu doar-se à causa dos mais pobres, dos oprimidos. Alguém que tenta dar o ombro à s dores alheias. Alguém que recebeu de Deus a autoridade belíssima para ser um dos melhores entre os muitos bons.
Aprendi a gostar bastante desse cidadão do mundo, desde quando comecei a ler e apoiar em meu silêncio interior suas ações sacrossantas em prol dos humildes. Fiz a sua imagem como se houvesse ela sido talhada na madeira do mundo, mas pelo espírito de Deus. Há horas em que o seu olhar frente à s mazelas do mundo confunde-se com a própria face de Jesus. Suas palavras são bem pensadas, otimamente dirigidas aos que delas necessitam. É o recheio de um discurso nobre, raro e denso.
Esse ser humano trocou o luxo de um punhado de casas pelo lixo onde vivem os miseráveis, nutrindo as esperanças baças por um mundo menos inglório. Resolveu cultivar a vida renascida em cada corpo que salva da miséria e em cada alma que prepara para ser o celeiro do amor de Deus.
Esse ser humano tem tentado e conseguido que muitos outros seres carreguem suas cruzes com dignidade, sentindo menos dor. Doou seus ombros para que neles os injustiçados se ancorassem e com ele chorassem juntos.
Mas Deus jamais se esquece dos seus discípulos, porque é neles onde a esperança da perpetuação do evangelho é mais bem vista. Os discípulos transportam Jesus no dia a dia de suas ações. O povo tem sabido disso, principalmente os mais pobres e injustiçados.
A imagem carminada pela dor brutal da insegurança pública eu vi estampada na face do Cónego Henrique Soares, vitimado que fora pelos bandidos livres das estradas alagoanas. Eu vi em sua face, Cónego Henrique, a própria face de Jesus.
Nesta semana, uma semana apenas depois de ter visto sua imagem cheia de sangue enchendo as primeiras páginas dos jornais, tive a felicidade de enxergar uma outra, tão distinta daquela, onde a vontade de Deus fez-se imensa na outra imagem que só enxerga e alimenta os que têm a fé salvífica em Jesus, como sendo Ele o caminho, a verdade e a vida. O caminho por onde Vossa Reverendíssima andou e levou a palavra de Deus também lhe ofertou atos desagradáveis feitos pelas mãos dos hipócritas, ególatras, homens sem fé nenhuma na vida e em Deus. Acho que estava escrito que essa violência tão brutal que fizeram com Vossa Reverendíssima teria a força e a suficiência para lhe transpor do seu estágio atual para o mais elevado ainda, o Bispado. Vossa Reverendíssima foi crucificado nos caminhos dos homens maus, mas elevado por Deus à condição de raros escolhidos.
Como há caminhos diferentes uns dos outros! O mesmo caminho que o levou Jesus para propagar a Sua palavra, trouxe-o pleno de amor, mas vítima do ódio humano. Os dois caminhos vivem muito próximos, em todos nós sobreviventes modernos.
Hoje a agressão de que Vossa Reverendíssima foi vitimado é baça, porque as luzes que se acenderam com o seu título sagrado de Bispo são tão fortes que ofuscaram e continuarão ofuscando qualquer violência humana que teimar existir entre nós cristãos.
Seu caminho é este. Siga-o para a glória de Deus e presente dos homens. Meus parabéns! Junto-me aos inúmeros fãs do seu trabalho enquanto homem, enquanto sacerdote e, agora, enquanto bispo. Ainda viverei para vê-lo muito maior do que já é!
