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Contos-->Auto-ajuda -- 19/07/2001 - 21:21 (Felipe Cerquize) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Diante de tantas tentativas e insucessos, o pobre Sérgio concluiu que precisava da orientação de pessoas bem-sucedidas para poder continuar tocando a vida e, quem sabe, começar a colher os frutos dos esforços desperdiçados ao longo dos anos. Como raros eram os profissionais com êxito dispostos a mostrar de graça o caminho das pedras, resolveu que, apesar das dificuldades financeiras, pagaria para obter alguns conselhos. Assim, passou a comprar todos os “best-sellers” de auto-ajuda que apareciam nas livrarias. “Vence na vida quem diz sim”, “Alegria e triunfo”, “O sucesso é ser feliz”. Estes foram alguns dos títulos comprados por Sérgio, na esperança de ver o seu mundo melhorar. Procurava mostrar a si mesmo que tudo estava realmente melhorando, depois de tanta impregnação com conselhos de gente famosa.

Um dia, estava andando pelo centro da cidade, quando avistou um aglomerado de pessoas. Aproximou-se para saber do que se tratava e foi aí que viu Lair Lourenço, um dos seus ídolos da auto-ajuda, deixando uma livraria, depois de uma tarde de autógrafos. Desnorteado de alegria, saiu correndo atrás do seu guru para ver se conseguia falar-lhe algumas palavras. Quando estava bem próximo dele, escutou um tiro. Na sua frente, Lair Lourenço desabou no chão. Tudo muito rápido. Ninguém sabia exatamente como aquilo estava acontecendo. Só se viam os seguranças da livraria dando tiros para o alto. Um deles aproximou-se de Sérgio, agarrou-o pelo pescoço e levou-o para dentro da loja. Enquanto a ambulância transportava Lair para o hospital, o seu fã número um levava socos e pontapés dos seguranças. Quando a polícia chegou, completou o serviço. Sérgio foi levado para a delegacia e de lá, como não tinha nem dinheiro nem pessoas importantes que o defendessem, foi transferido para uma penitenciária.

Três anos depois do episódio, Sérgio já estava adaptado à vida de presidiário e vendo o sol nascer quadrado com a maior naturalidade. Foi quando o carcereiro chegou e comunicou-lhe que naquele dia iria receber uma visita diferente. Acabou de falar e apareceu no corredor nada mais nada menos do que Lair Lourenço, que se aproximou e, com aquele sorriso de gente bem-sucedida, disse-lhe que o perdoava pelo que havia feito. Com mais algumas palavras de Lair, Sérgio sentiu-se como Ali Agca diante do papa, quando visitado na prisão. Já estava até se achando meio culpado por um erro que não havia cometido. Depois dos minutos de sabedoria despejados pelo seu dublê de conselheiro e algoz, Sergio beijou-lhe a mão, despediu-se e foi deitar-se no colchão da sua cela, com a certeza de que não é por acaso que pobre ou não dá sorte ou dá azar.

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