CONSCIÊNCIA VENAL
Conheço uma mercadoria ideal, que nunca perde o seu valor, que sempre tem cotação nas praças e no mercado de todo o mundo.
Ela nunca se esgota, por maior que seja a procura em tempo de paz, de guerra e de carnaval.
Vende-se e compra-se essa mercadoria a preço de ouro. Essa mercadoria é a consciência. Vende-se no varejo, no atacado, a vista, a prazo, em consignação, a prestação, até com letra promissória.
Sabe amigo! Aluga-se também, até por empréstimo! Torra-se em liquidação periodicamente a preço reduzido, vende-se até em praça pública.
É mercadoria para presente, inteiramente de graça, por amizade ou convenção social.
Ela é sempre venal, a consciência humana!... Vende-se por dez reais hoje, amanhã por mil reais, depois por um milhão, conforme o comprador.
Na verdade o ser humano que vende sua consciência; não passa de um escroque e um malfeitor, pois se a vende, como a poderia ter?
Tudo não passa de um logro, aquele que vende a sua consciência está iludindo o comprador, fingindo vender o que nunca teve.
Crise social, religiosa, política, inventaram mentiras sem conta para fugir da verdade. Funcionários, operários, deputados, presidentes; olha quem dá mais!...
Depois da milésima venda a consciência gasta, cansada, exausta não resiste mais.
Enjoada, enojada de si mesma, nauseada pelo miasma fétido e em desespero precipita-se no abismo...
A consciência venal!...
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