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Humor-->VAMOS ÁS COMPRAS. ELEIÇÕES Á VISTA -- 22/12/2001 - 21:31 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
VAMOS ÁS COMPRAS. ELEIÇÕES Á VISTA

Não se discute a validade científica das pesquisas eleitorais. No entanto, para que se possa compreender o emprego da estatística em qualquer processo decisório, torna-se necessário conhecer, ainda que superficialmente, os fundamentos da teoria da probabilidade. Autoridades proeminentes não estão de acordo entre si sobre o que vem a ser probabilidade. Alguns autores preferem não tentar uma definição concreta, contentando-se em dizer que a probabilidade é uma medida que possui certas propriedades e sujeita a regras operacionais. Dá para sentir que a probabilidade dá margem a várias interpretações.

No meu modo de entender, o assunto deveria ser objeto de amplo trabalho de acompanhamento e análise incessante, por parte da Justiça eleitoral, posto que estamos falando de procedimentos democráticos fundamentais para os destinos do nosso país.

Em última análise, estamos tratando de procedimentos que envolvem nosso próprio futuro; e, quiçá, de nossos filhos, netos e bisnetos. Um erro de avaliação, que abra espaços para a persistência de vícios ou erros no processo eleitoral, inviabilizará e tornará inócuo todo o esforço produtivo que se fizer no sentido de galgarmos o tão almejado sonho do desenvolvimento econômico- social sustentado.

Daí a razão pela qual nosso tema estará sendo abordado com adequada dose de seriedade, transmigrando momentos de humor e de ironia, buscando quebrar o gelo para com um assunto que, geralmente, e por justificadas razões, não desperta tanto interesse. Muito embora, e por causa disso, não deixe o assunto de enquadrar-se entre aqueles relevantes para os destinos de nosso país.

Nosso objetivo inicial, portanto, é tornar o assunto o mais abrangente e atraente possível, objetivando sua leitura atenta e interessada, para a conseqüente melhora do seu entendimento.

Vale registrar, de início, que nunca fui consultado por qualquer desses institutos que realizam pesquisas eleitorais. Que fazem prévias e antecipam resultados. Nem conheço amigos ou parentes - e até pessoas de minhas relações mais distantes - que o tenham sido.

Não tive, portanto, o privilégio, digamos assim, de compor os cerca de 2000 entrevistados (geralmente é esse o número da amostra), que teriam respondido às indagações contidas nos questionários de pesquisas eleitorais, cujos resultados, quase sempre, são divulgados com ampla cobertura da mídia, que o anunciam com a célebre frase condicionante: "Se a Eleição Fosse Hoje", seguida dos resultados, ou seja, dos pontos percentuais que cada candidato conseguiu obter daqueles questionários. Questionários, repita-se, tão misterioso quanto encontrar duendes nos jardins de nossas casas.

Tudo isso, claro, com prazo de validade máxima de 24 horas.

Igualzinho a validade que é posta em prática durante as famosas promoções dos "Mc Donald´s", dos "Habib´s", dos "Bob´s" e de tantos outros fast foods deste país; que oferecem comida rápida, para consumo imediato, a preço baixo; ironicamente e coincidentemente para quem não precisa de tanta pressa para comer.

Assim também são as pesquisas eleitorais.

Oferecem as mesma vantagens dos fast foods, para eleições que irão acontecer muito lá na frente; vantagens e informações para consumo imediato; com prazo de validade reduzido; que não alimentam os eleitores com os esclarecimentos necessários para o voto consciente, posto que não presta esclarecimentos acerca do pensamento e dos programas dos candidatos; na verdade, se quer dão a certeza de quem será o vencedor. E, no dia seguinte, novas pesquisas, novos resultados. Repetem-se as promoções e o ciclo virtuoso do consumo e do lucro, único objetivo transparente.

Esta seria a única razão visível da importância do exíguo prazo de validade: num caso e outro: primar pelo interesse e pela saúde e disposição dos consumidores, em favor da sua segurança e da qualidade dos produtos apresentados, com vistas à garantia de seu retorno aos balcões dos fast foods, para serem novamente alimentados (?) e alimentar o ciclo virtuoso do lucro.

Sou de opinião que tais pesquisas não têm qualquer valor prático. Ou deveriam acabar ou apresentar algo de novo.

Melhor fariam, por exemplo, estes institutos de pesquisas, se publicassem as regras e os critérios utilizados nas pesquisas, via Internet, valendo-se dos ventos da modernidade. E a partir daí, aplicassem os questionários que quisesse. Seria mais transparente. E a amostragem mais significativa.

Sem obrigatoriedade de preenchimento, os voluntários responderiam aos quesitos informando, apenas, o nome e o número de seu título eleitoral. Tenho certeza de que os resultados, em relação aos até aqui apresentados pelos institutos, seriam outros. Bem diferentes. Muito embora continuasse a inutilidade dos mesmos. Pelo menos se utilizados, como vem sendo feito, muito antes da data das eleições. Em todo o caso...está posta a idéia.

O que não deveria continuar, no meu modo de ver, é a chamada "fulanização" das pesquisas. Sem o debate de idéias, sem a exposição dos candidatos sobre temas de interesse da população, não se pode mensurar nada de proveitoso. Ficamos no campo das agências de matrimônio, onde o retrato do candidato ou candidata é apresentado e, por simpatia, ou processos de química orgânica, algum interessado na relação amorosa desse um salto da cadeira e gritasse: "Encontrei minha cara-metade política". É esse, não tem conversa"...na alegria, na dor, na desgraça, e até que termine o seu mandato!...".

O importante de tudo isto é que, insistir na aplicação destes questionários, muito antes da data da realização do pleito, se não agrega qualidade ao processo eleitoral, infelizmente, desagrega-o. Induz ao erro. Modifica opinião, como queiram!...E o pior de tudo é que tais mudanças caminham numa única direção. Que tanto pode ser a certa ou a errada. É uma opinião sem opinião. Depende do ponto de vista. As vezes nem isso. Só vale mesmo para induzir alteração de comportamento. De escolha.

Caso contrário, isto é, se cada instituto começasse a apresentar resultados divergentes, uns dos outros, haverá, evidentemente, desinteresse da população, bem como desconfiança em relação as pesquisas. Esta seria, ao meu ver, a maior prova de que elas (as pesquisas) nada acrescentam ao processo eleitoral.

Se não acrescentam nada, e ainda prejudica, porque não alterá-las? Principalmente sabendo que a maioria de nossa população é politicamente, também, analfabeta, e fanática por jogos.

Apostará, sempre, no fulano que estiver melhor cotado, segundo as pesquisas. O máximo que poderá acontecer é uma zebra aqui ou acolá. Mas zebra das grandes, em eleições, não é todo dia que acontece. Tal qual na corrida de cavalos. Nada de comparações. Uma coisa não tem nada a ver com outra. Por favor!...Não me comprometam!...

Ouvir 2000 pessoas, entre 06 a 12 de dezembro, se a eleição fosse hoje, e se os candidatos fossem aqueles, não diz absolutamente nada. Basta perguntar a qualquer cidadão, se ele teria condições de saber, no momento, o pensamento dos atuais postulantes ao cargo de presidente da república , em relação aos temas: privatização, dívida externa, dívida interna, previdência social, meio-ambiente, saúde, educação, segurança pública, emprego e renda, salário mínimo, funcionalismo público, custo de vida, juros, poupança interna, bolsa de valores, transporte, rodovias, hidrovias, aerovias, sistema financeiro, autonomia do Banco Central, Imposto de Renda, cultura e esportes, aborto, prisão perpétua, menor abandonado, sistema penitenciário, etc...etc...

Nem podemos continuar com o mercado de candidatos. Candidatos-Produtos. Trabalhados por marqueteiros profissionais, que dizem o que eles devem pensar, vestir, falar e até a hora e a maneira de sorrir; quando e com quem sorrir. Só não dizer de que ou de quem sorriem. Afinal, melhor do que isso tem na televisão. Propagandas inteligentes e bem humoradas que, se não dá para comprar o produto, pelo menos a gente acha graça e se diverte.

Já nas eleições, quem ri por último rir melhor. E geralmente, com o sorriso deste último, que ganhou as eleições, vem junto a fatura para pagar a conta, em nosso nome. E quem ganhou a eleição ainda leva nossa procuração para fazer o que bem entender. Dinheiro não será problema. A conta será, sempre, paga por nós.

Do exposto, chegamos a algumas conclusões. Uma delas seria a mais óbvia e todas e menos traumática, digamos assim: ou se muda tudo, de cabo a rabo, ou se parte, de uma vez, para inserir o jogo das eleições entre as loterias já existentes. Como ? Vejamos.

LOTÉRICA ELEITORAL - INFORMAÇÕES E NORMAS GERAIS - APOSTAS -



1 - Dupla-Serra, Quina ou Penta, Mega-Serra, Lotomania de Grandeza

A Dupla-Serra foi cancelada. Paulo Renato desistiu definitivamente de fazer dupla. E o Tasso Jereissati resolveu dar um tempo. Vamos aguardar. Enquanto isso, prevalece a Mega-Serra, que conta com o apoio discreto (?) e desconfiado do atual presidente. Implantada, temporariamente, para ver a aceitação do público. Está em fase de testes, portanto.

A Quina ou Penta, substituirá a antiga "Loteria Esportiva". A primeira CPI criada para apurar desvios de conduta na cúpula do futebol brasileiro, foi dissolvida pela forte resistência de seus oponentes, gente ligada à cúpula do futebol. Nova CPI foi criada, com praticamente os mesmos propósitos, a chamada CPI do Futebol que, a exemplo da anterior, também sofreu graves resistências do chamado grupo da "bola podre". A imprensa e a opinião pública, pressionaram o governo e a CPI, desta vez, foi aprovada, por largo placar: 12 a 0, obtido no Senado Federal.

O relatório da CPI, contendo a agenda das falcatruas que teriam sido cometidas por alguns dirigentes do futebol, os chamados cartolas, e a indiciação de outros, pela prática de crimes diversos, inclusive sonegação de impostos, foi entregue ao Procurador Geral da República que, desta vez, não pode engavetar a bola. Tem que chutar prá frente. Fazer um gol de placa, contra a corrupção e a favor da moralização do nosso futebol. O assunto está, portanto, nas mãos competentes do Ministério Público Federal. Aguardamos o seu desfecho para inaugurar a Quina/Penta.


Com relação à LOTOMANIA DE GRANDEZA, a única que está em vigor, seguem, logo após as indagações, as respectivas respostas.

(A) O QUE É A LOTOMANIA. COMO E QUEM PODE APOSTAR ?
(B) QUAL O PREÇO DA APOSTA ?
(C) QUAL A POSSIBILIDADE DE ACERTO ?
(D) ONDE E QUANDO SÃO REALIZADOS OS SORTEIOS ?
(E) QUAL O PRAZO PARA RETIRAR O PRÊMIO ?
(F) O QUE É A SURPRESINHA ?
(G) O QUE É A TEIMOSINHA ?
(H) O QUE É A APOSTA ESPELHO ?

(A) Nesta modalidade o prêmio é único. Corresponde a ser eleito para presidente da república. Aquela pessoa com poderes para: negar aumento aos servidores públicos federais; estabelecer valores mínimos para o salário mínimo; decretar "apagões", quando sempre que o tempo não estiver bom para peixe, isto é, chovendo; discursar no exterior, acerca do que seria bom para o Brasil, como se estivesse sendo; substituir competências específicas do Poder Legislativo, através de Medidas Provisórias, sempre que o assunto for urgente e inadiável, como foi o caso da flexibilização" da CL; emperrar a pauta do Congresso Nacional, se do interesse da presidência; dificultar, o máximo possível, a correção de tabelas de impostos defasadas, principalmente a do Imposto de Renda; impedir a criação de CPIs e incentivar a criação de outras, sempre com observância do interesse e conveniência da Administração; Propor ajuda aos bancos falidos e a banqueiros em dificuldades, por má gestão, inclusive, preservando o Sistema Financeiro Nacional; interferir nas decisões do Poder Judiciário; e desculpar-se, sempre, pelos erros, surpresas e enganos, em cadeia de rádio e televisão; indicar seu sucessor para concorrer as eleições, entre outras. Segundo a lei, apenas os maiores de 16 anos, os analfabetos e os despolitizados podem apostar na lotomania de grandeza.

(B) O preço da aposta varia na razão direta do aumento da população e da dívida externa. Basta dividir o valor atualizado da dívida externa pelo total da vida atualizada.

(C) A possibilidade de encontrar um bom presidente, que seja capaz de, pelo menos, retomar o desenvolvimento econômico, criar empregos e distribuir renda e justiça social é de 1:200.000.000, ou seja, praticamente impossível, posto que a quantidade de eleitores é infinitamente menor do que a população brasileira e, os eleitores, na sua grande maioria, têm a fama de que não sabem votar.

(D) Em todo o território nacional e de quatro em quatro anos.

(E) O prazo para retirada do prêmio (ou do presidente eleito) vai depender da quantidade de falcatruas que o eleito, junto com seus aliados, produzir. No regime presidencialista a coisa torna-se mais difícil pois a população, às vezes, tem contra si interesses de poderosos grupos econômicos, inclusive de parte da imprensa, que disseminam a dúvida e confundem a população, mantendo tudo como está. E apostando na memória fraca dos brasileiros. o estado de coisas.

(F) É o estado de espírito que pega o presidente de surpresa e obriga a população a poupar energia, por exemplo. Quando a população não cumpre, a sua luz é cortada e o consumidor ainda paga multa pela desobediência ou pelo excesso de consumo estabelecido pelo governo, independente de suas necessidades. Quando o consumidor cumpre á risca, cai a queda no consumo. Aí o governo, para compensar os prejuízos das empresas distribuidoras de energia, aumenta o preço do serviço. E todos ficam surpresos!...

(G) Teimosinha é a repetição do mandato. A reeleição, propriamente dita. Mesmo que não se tenha mais nada a fazer. Ou a piorar o que não foi feito.. .

(H) Aposta espelho é aquela modalidade em que um partido político, que não tenha definido seu candidato a candidato, apela para o sexo feminino, lançando uma novidade, geralmente do sexo feminino, para observar a reação popular. É o caso do PFL, em relação à Roseana Sarney.


Os matemáticos que revelaram a teoria da probabilidade estavam interessados em jogos de azar. Nesses jogos, objetos como moedas, dados ou baralhos eram usados para proporcionar situações cujos resultados tornam-se objeto de apostas.

A incerteza dos resultados e os ganhos ou perdas decorrentes suscitam o interesse do jogo. Mas o jogador deseja saber qual é a melhor aposta, de modo que faça o lance quando os acasos lhe sejam favoráveis.

Diante desse universo de fatos e acasos, seria sensato indagar qual a probabilidade de as pesquisas eleitorais, realizadas com intensa periodicidade e amplamente divulgada pela mídia - como é o caso brasileiro -, influenciar e até mesmo mudar o resultado das eleições?

Do exposto, está claro que não existem soluções isoladas. A reforma do processo eleitoral implica pensar em Reforma Política que, por sua vez, implica em Reforma do Judiciário que, por sua vez, implica Reforma Administrativa que, por sua vez, implica Reforma Tributária que, por sua vez, implica Reforma Econômica que, por sua vez, implica Reforma Social que, por sua vez, implica Reforma Ética e M oral que, por sua vez, implica mudanças de comportamento que, por sua vez, implica Reforma Educacional que, bem, se começarmos pela educação teremos mais chances de acerto.

Domingos Oliveira Medeiros
22 de dezembro de 2001.






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