"A paz chegará no dia em que a ideia de destruir Israel for abandonada"
Entrevista: Yair Recanati, EMBAIXADOR ITINERANTE DE ISRAEL
O conflito no Oriente Médio foi um dos principais temas das palestras realizadas pelo embaixador itinerante de Israel para a América Latina, Yair Recanati, durante sua passagem pela capital gaúcha, nos últimos dias.
Em entrevista concedida logo após a visita à redação de Zero Hora, o diplomata voltou a falar do tema, avaliou as mudanças no panorama político israelense e opinou sobre as perspectivas de paz para a região. Confira trechos da conversa:
Zero Hora - Qual é sua expectativa com relação ao novo governo israelense, de direita, e à s negociações de paz no Oriente Médio?
Recanati - Todo governo israelense, cada um ao seu estilo, sua forma, busca desesperadamente, com muita intensidade, chegar à paz. Nosso problema é existencial - existir ou deixar de existir. O Irã, por exemplo, declara dia e noite a vontade de destruir nosso país e utiliza terroristas da região como fonte de seus propósitos. É muito difícil estabilizar o Oriente Médio. Temos negociado com o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, e poderíamos chegar a um acordo com ele. Mas ele não tem controle sobre todo o seu território. Hoje, existem duas correntes na política israelense. Uma, de esquerda, que entende o seguinte: somos mais fortes e por isso devemos ser mais flexíveis. Outra, de direita, não entende a coisa dessa forma. Para essa corrente, Israel deve fazer concessões quando receber concessões da outra parte.
ZH - Existe alguma possibilidade de negociação com o grupo extremista palestino Hamas?
Recanati- Só no momento em que eles deixarem de falar na destruição do Estado de Israel.
ZH- Durante a ofensiva na Faixa de Gaza, houve críticas da imprensa de que a força empregada por Israel foi desproporcional aos ataques feitos anteriormente pelo Hamas. O senhor concorda?
Recanati - Durante oito anos recebemos foguetes sobre o território israelense e não houve nenhum protesto. Onde estava a imprensa nesses oito anos? Israel se retirou de Gaza e nada mudou. Nós temos, sim, um exército mais poderoso. Mas essa é uma luta pós-moderna, de um exército contra uma organização terrorista que se esconde nas escolas, nos hospitais e nas mesquitas, e não dá a cara.
ZH - O senhor acredita que é possível chegar a um acordo de paz com os palestinos em um futuro próximo?
Recanati - O dia em que palestinos gostarem mais dos seus filhos do que odeiam a Israel, a paz chegará. Chegará no dia em que a ideia de destruir Israel for abandonada.