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Cronicas-->Novamente a crise -- 22/03/2009 - 11:51 (paulino vergetti neto) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Novamente a crise


A marola discreta do discurso do Presidente Lula começou a virar onda forte. Quiseram abafar os efeitos daninhos desta crise e agora já começamos a ler os registros oficiais dos prejuízos que já nos chegaram, afora os que ainda hão de vir. Marola coisa nenhuma; onda cheia de força que chegou levando muita coisa.
Inflação em queda graças a Deus, mas o receio da retração drástica do consumo. A população endividada não honra seus compromissos e os bancos ficam na espreita dos clientes mais confiáveis para lhes emprestar crédito caro e nada fácil. Os bons pagadores começam a ter seus nomes recheando as filas dos inadimplentes. Não há mais para onde se correr; o bicho já pegou a maior parte da sociedade e o que nos resta fazer é tentar livrar-nos de suas garras e, com muito cuidado, sair do seu campo de ação e do seu desalentador olhar perverso. Plantamos nem sempre o que colhemos, mas desta vez é o inverso: temos em mãos as batatas quentes que jamais plantamos.
O capitalismo parece ter parado de produzir seus melhores frutos. Quem sabe não seja a hora de criarmos um novo regime? O socialismo bem que poderia ser hibridizado com outro(s) e termos um produto menos indecente que não nos tornasse tão vulneráveis ao capital e a seus mercados. Viver bem é muito mais prazeroso do que se estar na dependência das bolsas loucas, de valores mais loucos ainda, dos spreads incompreensíveis e dos commodities que mais parecem gangorras desreguladas. Que possamos continuar comprando o trigo que nos falta ao pão nosso de cada dia da Argentina, mas que não empobreçamos quando a Europa e a América Rica entrarem em suas crises.
O sistema financeiro mundial é mais burocrático do que justo. Seus números fornecem e negam. A palavra do homem moderno tem que representar com fidelidade o apetite voraz do crédito e procurar esquivar-se a todo custo dos débitos. Somos cada vez mais a plaga árida onde habitam os números universais e são deles que os Estados dependem para repensar o que poderão fazer por seus povos. Nada é tido fora do alcance deles. A vida passa a ser traduzida por uma louca geografia geométrica.
Como de costume, volto a citar as coisas boas do outro lado da vida cidadã; encontro graça ao saborear, através da memória, os retratos da natureza limpa e bela de um passado cada vez mais distante da realidade contemporànea. O tribalismo perfumado deu lugar às carruagens e essas, ao meio de transporte moderníssimo e à vida quase ficcional da pós-modernidade. Construímos um olhar novo que não vê mais no espanto o espanto em si, mas o fashion, o ultramoderno, o permissível.
E enquanto tudo isso rola, faltam alimentos para os homens pobres do planeta, água para multidões e vida plena para quase todos nós. Trocamos a paz pelo desenvolvimento infreável. O que nos interessa mais fortemente é produzir e lucrar. Ter gorduras financeiras aplicadas é sinónimo de poder de quaisquer tipo de compras, até da alma alheia.
A família está sendo proibida de manter sua tradição. Confesso que, quando recrimino a China pelo que ela faz com o Tibet ocupado, não sinto tanta diferença do que fazemos nós no Ocidente com nossas matas e nossos povos.
Há várias formas de matar-se alguém: da obscura à espalhafatosa. Não é apenas quando enxergamos o sangue na violência das ruas que o crime passa a ser mais ou menos importante. O maior crime que cometemos é o crime obscuro, nas entrelinhas da perversidade, no escuro de nossas consciências. O mundo jamais mudará para melhor enquanto nós não o fizermos com nossas próprias almas. Não se separa um do outro. Se ele agoniza, é porque nós pusemos fogo em seu bojo.
Que o andor com o santo caia, que o santo se espedace, que a multidão lastime, mas perder a fé jamais. É hora de juntarmos os cacos, emendarmos o santo, repararmos o andor e acreditarmos que o mundo só será melhor para todos, quando nós eliminarmos nossas maiores faltas para com ele. Ou decidiremos já por seu conserto, ou nada mais nos será possível fazer. O que mais amedronta a vida na terra é o homem. O mundo sempre foi o mundo, e o homem nunca foi tão monstro!
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