É de nausear qualquer intelectual saber que o Presidente sente azia quando lê jornais. A cultura é uma marca muito importante da alma humana, quando ela, satisfeita com a educação que recebeu, galgou conhecimentos adicionais. Conheço criaturas muito educadas, mas, infelizmente, incultas de doer. Certo dia vi um advogado perguntar à sua namorada se Leonardo da Vinci havia sido um bom Papa. Achei sua pergunta, além de nauseosa, truculenta. Não resisti e gargalhei para não vomitar de susto. Espantei o dito homem.
Alguns atribuem ao Presidente Lula os bons desfechos de seu governo. Eu reluto. Há muita gente boa ladeando-o e trabalhando arduamente, diga-se. O País sob sua Presidência tem conseguido feitos importantes, mas graças à qualidade técnica de seus auxiliares - uma grande salada de frutas políticas, diga-se. Há méritos pessoais, sim, e não se pode negar o carisma do Presidente, nem tampouco o seu patriotismo. O que não deveria estar do seu lado eram esses arroubos de emoções, nem essa náusea à leitura que ele reluta em publicar quando, encurralado por jornalistas, não encontra resposta mais plausível. Isso não pooode!
É além de necessário que o homem se aculture. Educar-se é básico, aculturar-se é inteligente. Só o fazem aqueles homens que se comprometem com a vida no seu sentido mais humanista, fidalgo, nobre.
Tenho ouvido tantos palavrões teimosos que escapolem dos discursos falados de certas autoridades que, Ã s vezes, esqueço-me até de depreender deles a alma silenciosa das mensagens das entrelinhas. É que o ouvido sente doer com o bater de tais palavras. A Língua Portuguesa parece ferir-se mortalmente. Além de tudo, o povão gosta e repete a falácia, como se quisesse que até o discurso do Presidente ganhasse liderança.
Um homem só se acultura quando percebe que está vivo e que tem representatividade na sociedade a que pertence. A cultura fornece asas potentes e torna o homem maior no sentido mais cultural da palavra.
O pior é que o remédio para essas azias "antileituras" é fácil. Basta o indivíduo ajuizar-se melhor, ler muito e entender o que está lendo e sabê-lo importante. Assim como há os degustadores de bons vinhos e de ótimas cachaças, há os que tragam as leituras, engolem os livros, viajam na profundidade dos textos.
Há de ficar para os jovens brasileiros algum resquício dessa "azia" desintelectualizada? Quero crer que não. Os jornais são fundamentais no processo cultural de uma sociedade. Ler é o caminho mais fácil para se chegar ao destino da suficiência humana. É preciso navegar bastante no conhecimento para que os timoneiros não se acabem. Então, antiácidos neles!
