Ai da Democracia brasileira nos anos do descompasso e da força, nos arredores de 1964, se não houvesse tido o PMDB faroleando as decisões, impropriamente tomadas pelos governantes da época e, incursionando sobre os mais desastrados, ficado ao lado do povão e da juventude pensante. O partido nasceu e se desenvolveu respirando muita democracia e abrigando gregos e troianos, daí a existência de criaturas intragáveis em seu seio até hoje. Culpar-se o PMDB como sendo isso tal ou aquilo lá não é justo. A instituição é séria e um punhado de seus membros é que precisa mudar radicalmente ou sair das fileiras do partido.
Em qual partido político brasileiro não se acham pessoas improbas, desarticuladas com os reais interesses nacionais? Há Madalenas e Madalenas em qualquer um deles e são visíveis a quem um olhar mais atento se dispuser fazer e a procurar e achar. O joio e o trigo nascem juntos e brotam da mesma terra. Atirar-se a primeira pedra é deveras complicado.
Recentemente o Senador do PMDB de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos, lavou a roupa suja em praça pública, desfavorecendo a democracia, enquanto deu margens ao seu torrencial e emotivo discurso falado. Por que ele não tentou resolver esse mal nos bastidores do seu partido? Em sendo o PMDB, no seu entendimento, um partido com a maioria de corruptos,como ele acha que é, por que ele não o abandonou de vez? O que o faz permanecer nos átrios dessa instituição que abriga tantos impuros? Os anjos bons devem inquilinar os céus, e no inferno não passar nem a passeio.
Mas há o holofote, o chamamento da evidência, o momento mesmo da berlinda política. E quando a máscara cai, Ã s vezes, o baile carnavalesco ainda não tem sequer começado. O senador pecou e feio. A sua idade e maturidade políticas não o permitem mais agir no frisson bioquímico de suas vívidas emoções. Ao que eu saiba, ele já passou da fase de poder arquitetar esses carnavais fora de época há tempo.
A democracia brasileira se caracteriza pela ausência de partidos fortes, onde os mais comprometidos com a verdade têm baixíssimo número de defensores. Vejam o exemplo do PSOL, no meu entendimento como sendo um partido sério, mas longe de atingir seus objetivos além de revolucionários (objetivos políticos, é claro!).
Houve mesmo foi um acintoso gesto do Senador Jarbas Vasconcelos, impensadamente posto à s luzes focadas da mídia ou atrás de mais projeção social, ou mesmo, desespero de causa. Ao meu ver, agiu com descuido, imaturidade, já que jamais foi ele obrigado a permanecer tanto tempo em um partido que não lhe apetecesse. Ficou nele porque dele se serviu politicamente e lhe foi últil. Vomitar no prato que comeu dá muito mais trabalho do que fazê-lo no lixo
O PMDB é um referencial democrático na vida política do país. Deu guarida aos velhos e exaltados lobos do processo político nacional e a multidões de oprimidos. Teve em seus quadros homens brilhantes, como o velho Ulisses Guimarães e tantos outros. Portanto, merece todo o nosso respeito. O Senador Jarbas Vasconcelos que procure um partido novo, onde não haja corruptos em seu seio, mas só que ele deve encontrar esse lugar comum, fora da Via-láctea e, se encontrar, o que eu acredito seja pouco provável. Falo tudo isso bem à vontade porque não sou membro do PMDB, nem tampouco de qualquer outro partido. Apenas escrevi e publiquei o que minha alma cívica pediu com mansuetude e prudência que eu o fizesse.