OLHANDO UMA FOTO
Sorri para mim, essa estranha mulher de olhos verdes, verdes como o mar. Cobre o seu busto impecável, uma blusa branca, diz-me entretanto que a mulher é linda, que os traços do seu rosto possuem a pureza do classicismo grego.
Recordo-me, relembro-me; eu a conheço por certo. Agora sei que os seus cabelos tem a cor forte dos raios de sol. Eu a vi um dia e fiz um poema. Ela no entanto, é sagrada para mim, surgiu ante os meus olhos e da chama verde de seus olhos nasceu a fagulha da minha inspiração.
Sobre os meus cabelos brancos a iluminar a cinza da minha alma, a luz, a centelha emana da sua figura imensamente linda, divinamente fascinadora. Do mesmo lugar de onde brota o fascínio misterioso das esfinges, e sem tocá-la a gente prosterna-se diante do sagrado.
E sonho, e penso. Vasculho no meu interior, os azares do meu destino, tal qual o mostrador desnorteado de uma bússola que caminha em sentido inverso ao da felicidade. Ela é como o meu alimento material e espiritual ressuscitando velhas ilusões e nova e bela trajetória de um ideal que já julgara sepultado na poeira dos caminhos... dos imensos caminhos da vida.
Olhando agora o seu retrato, revendo as linhas puríssimas do seu perfil, aperto o peito onde tumultuam os soluços de uma amargurada renúncia. A renúncia de minha mocidade, da minha vida. A renúnica de mim mesma. |