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Artigos-->193. ESTRANHO RACIOCÍNIO — ANASTÁCIO LUÍS -- 01/05/2003 - 06:37 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Quem quer que tenha o coração opresso deve abster-se, desde logo, de freqüentar as sessões de desobsessão, pois sua participação pode causar mal-estar para o espírito obsessor, que irá ter de retirar-se de vez de sua presença e isto nem sempre está nos planos dele nem do obsidiado. Em outras palavras: acabar com a obsessão nem sempre é bom para o encarnado, pois casos existem em que há necessidade de se manterem obsessor e obsidiado juntos, pois o equilíbrio que daí advém só pode ser prejudicial para terceiros, que se sentem angustiados por não poderem participar da formosura da dupla em litígio, pois é sempre belo ver-se porfia em que os litigantes se empenham por prejudicarem-se um ao outro, mas que obtêm, por conseqüência, tão-só o fato de que o importante é a briga em si e não o que um possa estar fazendo ao outro.



Pedem-me para me identificar. Eu sou um espírito cheio de bondade e meu coração está vibrando com o fato de ter sido aceito junto a um encarnado que me entende e que me tem muita amizade. Meu nome é Anastácio Luís e eu me sinto muito à vontade para falar de mim.



Já fiz muitas coisas na vida. Matei um soldado que corria atrás de mim e, depois, fiquei muito tempo com ele nas minhas costas. Agora estou dando o troco, pois estou perseguindo um filho dele. Não lucro nada com isso, mas o bom é saber que ele também não tem sossego e não consegue nada na vida.



Não acho mais fácil ficar longe dele. Acho que ele é que deve fazer tudo para se livrar de mim: assim a briga fica mais gostosa. Não penso assim, porque eu tenho a cabeça no lugar. Sei que vou ter de me afastar dele. É por isso que disse no começo que é melhor, muitas vezes, a briga e não a paz. É melhor para que a gente possa cumprir o desejo de vingança. E se não for curado? Só eu é que vou preso? Não quero ir preso e deixá-lo solto. Não vou permitir que me algemem. Não vou querer deixar ninguém livre enquanto eu vou preso. Não quero...









COMENTÁRIO — MANUEL



A infeliz criatura, que aqui compareceu espontaneamente, sentiu-se compelido a utilizar-se desse recurso do emprego indecente, incoerente e inconveniente da mediunidade, para poder desprender-se de antigas idéias que o obrigavam, como que fixamente, a tornar e a tornar, sempre com maior freqüência, às casas de prostituição onde vários elementos de sua família acabaram por ter de se internar, dada a intensidade da perseguição que ele mesmo lhes vinha exercendo.



Como não estava inteiramente satisfeito com o que fazia, já que se cansara de não obter o resultado esperado, forjou para si pensamento de extrema complicação em que, como conclusão, chegava ao fato de que era melhor, como disse, que perseguido e perseguidor tivessem os elos mantidos, no intuito de justificar o ato da perseguição.



É preciso esclarecer que a responsabilidade pelos deslizes dos perseguidos não será jamais imputada ao perseguidor, pois cada qual deve responder pelos próprios atos e as obsidiadas, no caso, não eram criaturas inocentes, imaculadas, isentas de culpa.



No que tange aos demais itens de sua “mensagem”, forjou-os igualmente para dar integridade ao enredo, promovendo certa verossimilhança ao relato.



O que tínhamos de fazer por ele foi feito, embora não ficássemos satisfeitos com o resultado final, uma vez que não foi mantido sob a nossa influenciação. Obtivemos tão-só a desvinculação quanto aos obsidiados, o que é meio caminho andado para o despertar da consciência, que, agora livre da opressão daquele pensamento contumaz, poderá refletir a respeito do próprio destino, ficando fácil a conclusão de que o melhor será aproximar-se de novo de nós para receber aconselhamento.



Sem dúvida alguma, iremos incluir em nossas preces essa figura desalinhada e infeliz, no sentido de obter de nossos maiores, permissão para socorro sem instância do interessado. Caso venhamos a conseguir permissão (nem sempre concedida, pois outros elementos por nós desconhecidos podem não oferecer segurança para o trabalho socorrista), iremos prosseguir na tarefa de esclarecimento, de sorte a possibilitar anuência para tratamento em casa especializada.







Pode este relato ser juntado aos demais, embora dê a parecer que não tenhamos tido sucesso na missão. Na verdade, nem sempre conseguimos cumprir a tarefa cabalmente, pois estamos na linha de frente da batalha e não temos conhecimento exato, total, minucioso, do que se passa com cada indivíduo de que nos acercamos. O trabalho socorrista de urgência tem essa dificuldade. É como se passa nos prontos-socorros das unidades hospitalares terrenas: os casos são trazidos para tratamento e cura, mas, muitas vezes, o paciente ou chega morto ou morre nas mãos dos socorristas. Essa é a eventualidade a que temos de nos acostumar, se quisermos oferecer ao trabalho estrutura de atendimento conveniente.



Por ora basta. Vamos suspender as tarefas reafirmando a disposição de voltarmos sempre, pois o trabalho que nos é reservado para estes momentos está sendo promovido e assistido pelos mestres e orientadores. Por isso, continue mantendo o ânimo de colaborador, pois não é muito fácil encontrarmos pessoas disponíveis neste horário. Gratos. Fique com Deus e eleve os pensamentos para o Alto, em prece de comovido agradecimento.



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