Há caminhos?
Osmar José de Barros Ribeiro (*)
11/02/2009
Com o desenlace do processo que redundou na demarcação da reserva indígena Raposa-Serra do Sol em área contínua por força de pressões políticas tanto internas quanto externas, setores responsáveis da sociedade temem que, malgrado as salvaguardas criadas, o futuro do País venha a ser, mais do que já o é, determinado por interesses estranhos aos da Nação Brasileira.
De longa data, nos nossos negócios internos, vimos assistindo à ostensiva intervenção tanto de governos estrangeiros quanto de ONGs, uma ingerência indevida e que, infelizmente, conta com o apoio de nacionais, uns movidos por sentimentos altruísticos, outros por motivações ideológicas de cunho nitidamente internacionalista, outros ainda pela desmedida ambição de enriquecer a qualquer preço, ainda que este seja o da dignidade nacional.
Sob governos que atuam sob a capa de "direitos humanos", "ambientalismo", "indigenismo" e quejandos, as idéias "politicamente corretas" ganharam espaço e força crescentes desde a Constituição de 1988, quando grupos de pressão lograram introduzir cunhas na Carta Magna, dando azo a serem esquecidos, em favor dos interesses de grupos específicos, princípios que dizem respeito ao Bem Comum.
Assim, além da destinação de 13% do território nacional a tribos indígenas, em grande parte já aculturadas, outros exemplos podem ser citados tais como a malfadada criação de cotas raciais, a propaganda mal encoberta do homossexualismo, os incontáveis entraves colocados a projetos de infra-estrutura e a aceitação, sem protesto digno de nota, de agravos por parte de países vizinhos.
Soma-se a tudo a recente crise mundial que vem animando os defensores do Estado como pai e patrão da sociedade. Inegavelmente, trata-se do retorno do marxismo-leninismo ao nosso subcontinente, já agora temperado com as deletérias idéias de Antonio Gramsci e apelidado de "socialismo democrático", por obra e graça do Foro de São Paulo.
As condições que vem sendo criadas fazem com que a questão étnica seja levantada em várias áreas do nosso imenso território, dando margem ao eventual surgimento de movimentos insurrecionais que, fatalmente, contarão com o apoio, ainda que encoberto, de outros Estados interessados no resultado final, particularmente ao norte do rio Solimões/Amazonas.
Aí estão, para calar os incrédulos, teorias esdrúxulas tais como o "direito de ingerência" e o conceito de "soberania limitada" tão à gosto das antigas potências colonialistas. Também convém não esquecer que a Declaração sobre os Direitos dos Povos Indígenas, urdida nos bastidores da ONU e em má hora subscrita pelo governo brasileiro, enquadra-se no rol das preocupações atuais.
Tudo isso é favorecido pela existência de nacionais corruptos ou idologicamente comprometidos com um hipotético "governo mundial", pela ineficiência na aplicação da lei e, principalmente, por uma educação deficiente, precária mesmo, e cuja melhora e aperfeiçoamento deveria ser o objetivo maior das nossas autoridades: a formação de um cidadão ético e capaz. Nunca será demais assinalar que a educação, mantida nos baixos níveis atuais, além de constituir-se em severo entrave ao desenvolvimento social, político e económico do Brasil, dá margem ao avanço da insatisfação e da revolta popular. Os primeiros ensaios já estão em curso nas grandes e médias metrópoles brasileiras, conforme sabem todos aqueles que lêem jornais e assistem aos noticiários televisivos.
E agora, a pergunta que não quer calar: Ã luz de tudo isso, para onde caminha a sociedade brasileira? Passaremos a ser uma nação dividida por etnias ou o lar de todos os brasileiros, seja qual for a sua cor, sexo, religião ou ideais políticos? Até quando aceitaremos, mansa e pacificamente, que estrangeiros venham dizer de que forma deverá ser governada a nossa casa?
Há caminhos? Há, mas eles não passam por medidas meramente assistencialistas aos despossuidos, pela associação encoberta com candidatos a ditadores, pelas benesses distribuídas a mancheias aos "companheiros", nem pela renúncia unilateral aos direitos nacionais.
(*) Osmar JB Ribeiro é tenente-coronel reformado do Exército. |