Deitada em nossa cama
Pude sentir o mar.
Tu te elevas feito onda bravia,
Querendo naufragar meu corpo,
Envolvendo-o todo em vagas azuis,
Lambendo meus pés e meus sentidos,
Colando no corpo o tênue vestido
Molhado de saliva e luz.
Sonhando em nosso leito
Percebi a brisa marinha.
Tu me ventas feito tempestade,
Despindo meu pudor com arte,
Soprando forte em meus ouvidos,
Querendo derrubar minhas defesas,
Me arrastando em correntezas,
Provocando, sagaz, meus gemidos.
Exausta em nosso ninho
Pude ver a loucura da entrega.
Tu me esgotas os argumentos,
Querendo roubar minhas forças,
Sugando meu prazer meretriz,
Feito parasita voraz e egoísta,
Sem deixar sequer uma pista
De que aqui já houve alguém
Que um dia não foi feliz.
Lílian Maial
Rio, 12/09/00.
|