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Artigos-->VIDA E POESIA, VIVA! -- 29/04/2003 - 11:26 (Francisco Miguel de Moura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
VIDA E POESIA, VIVA!



Francisco Miguel de Moura *







Ela esteve em Teresina e foi recebida pela comunidade acadêmica (APL), não posso precisar em que ano. Veio conhecer a “Cidade Verde” e os poetas Hardi Filho e Francisco Miguel de Moura, tendo ficado como hóspede do primeiro, de tudo levando inesquecíveis recordações. No Jockey Clube, numa noite quente, acolhedora, reuniu-se aos poetas mencionados, mais os acadêmicos Paulo Nunes, Herculano Morais, João Porfírio de Lima Cordão e a poetisa Nerina Castelo Branco, entre outros. Ali tomou-se de vinho e guaraná e muita poesia e conversa sobre. Já sabe o leitor – o nome vou deixar pra depois – que ela é poetisa, solteira, aposentada no dever civil mas afortunadamente trabalhando dia e noite na poesia. Mora numa cidade distante, mas muito antiga, tradicional, onde as ruas, os prédios, os caminhos, as pessoas, os nomes, tudo respira amores, música, história, e fala dos feitos coloniais, terras ricas de ouro e de pedras preciosas. Planta jardins que eu sei, como toda mulher, onde nascem as mais bonitas flores no inverno e no verão, juntamente com versos que enfia no papel, nos livros que vai publicando, no jornal, nos folderes que vai espalhando pelo Brasil, com os poetas e pessoas do seu relacionamento. Cultiva a memória dos seus entes queridos e especialmente de João Ribeiro de Oliveira, seu pai, falecido há 9 anos. Como lembrança dele, nos manda um folder com o soneto de título “Minha Companheira”, que merece transcrito: “Não fomos ao Altar nem ao Juiz, / Porém juntinhos sempre nós vivemos; / Tudo quanto ela quer nós dois queremos./ E ela quer mais: quer me fazer feliz.// Podem falar, portanto, as línguas vis, / Unidos pelo amor caminharemos / Até onde se encontram bens supremos / Dos quais privar-nos o Destino quis. //Talvez ninguém a veja, quando passo, / Porque seus dons ao vulgo não revela, / Guardando-os para os versos que hoje faço!... // É pura e é carinhosa e é caridade. / Os bens que possuí dei para ela / Que é minha companheira: esta saudade.”

Com pai de tal estirpe, ela só poderia ser cordata, amiga, de coração boníssimo. E ser poeta, mesmo que não escrevesse. E escreve-os, primorosos: versos soltos, poemas elegíacos, líricos, haicais, trovas, em qualquer medida, tudo. Mas não vamos mostrar hoje poema de ontem, mas apenas um dos mais recentes, de poesia-em-prosa, colecionados num folder com o título de “Água Rega”(uma espécie de diário), 2003, com epígrafe do cronista Antônio Maria: “A água é bela e jovem. / Ninguém a envelhecerá. / Ninguém a prenderá para sempre.” Uma delícia, não é? O poema que vamos mostrar é dos que vive agora, quando segundo se depreende, atravessa uma crise – nunca de identidade, mas sim existencial. Quem sabe, se Deus quiser – e ele quer – termina superando-a?! Os poetas são incríveis, têm uma visão superior do mundo e das coisas como os profetas, os iluminados; e se o poeta tem esperança e fé, acreditam em Deus e louvam Cristo – é o caso dela – melhor ainda, porque no mundo não apareceu ninguém com mais amor do que Jesus. E o amor é a força que governa o mundo, enquanto este for um lugar do universo habitável por humanos. Sua poesia em prosa, desta fase, é um êxtase, além do primor da linguagem, forma e expressão, da beleza, arte e musicalidade. Para encerrar esta crônica de amizade e desejo de revê-la, de saudade pois não, transcrevo aquela que acho mais condizente com o estado de espírito: “Os sinais da morte e seus alinhavos mal-dormidos. Sei-os de quando em vez, ao dia que começa a exilar-se na luz lusco-fusco da tarde. Então a morte deita sua amarra, lança um manto feito de amianto no meu coração e extingue-se uma flama que eu carregava entranhada. A morte é matreira e perversa: conhece desvãos e brinca de máscaras no folguedo macabro de um espelhar-se do rosto. Mas não me mete medo. Tenho medo, sim, é da palavra áspera, da mentira que veste a vida, porquanto daqui não somos, nossa pátria não é esta. Além nos fala Deus.” Ymah Théres, Juiz de Fora, fevereiro de 2003.”

Ymah Théres é pseudônimo de Imaculada Therezinha Miranda Ribeiro, nascida a 28 de julho de 1939, em Lima Duarte, Minas Gerais, bacharela em jornalismo pela FAFILE, agregada à UFJR (Universidade Federal de Juiz de Fora). Mora em Juiz de Fora, pertence à Academia Juiz-forana de Letras, com várias publicações, inclusive internacionais, e prêmios. Alguns de seus livros são: “Elegias”, 1973; “Escrínio/Asa de Borboleta”, 1985, “Musgos e Gerânios”, 1986, “Anjo, Alaúde & Paixões”, 1993, entre outros, inclusive um infantil.

Alô, crítica nacional, cadê você? Aqui está uma poetisa de peso e medida, que não pede homenagem a ninguém. Pronuncie-se por favor, se é que ainda não o fez.









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*Francisco Miguel de Moura é poeta, com mais de 20 obras publicadas, e pertence à Academia Piauiense de Letras e ao Conselho Estadual de Cultura – PI.

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