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Cartas-->Reencontro sangrento... -- 21/01/2005 - 20:40 (elvira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Caros primos:

Depois de quatro anos decorridos, eis-me então com capacidade de vos escrevinhar...denotei que da vossas parte se passou o mesmo, pois nem uma linha recebi até à presente data!Claro que pode dever-se a muitos motivos, eu acredito que houve sempre vontade de o fazer, porém as cicatrizes ainda doiem...o julgamento vai ser na próxima semana.Rever tudo novamente...escusado será enumerar os pesadelos que tenho tido!Tenho sempre o sorriso da Tininha que me faz acreditar na vida e claro o do meu companheiro de luta, só que ele entra-me pela noite dentro(ossos do ofício!)...bom, mas não vou desviar-me do motivo principal porque vos escrevo.Queria muito que recebessem este albúm de fotos(que segue com esta cartinha) que a minha querida mãe tinha preparado para vós naquele dia tão trágico...
Ela estava tão feliz!Não falava de outra coisa...receber os manos do Brasil, a quem não via há quase trinta anos!Levantámo-nos cedo e fomos, hiper emocionados, directos ao aeroporto, naquela autoestrada...a minha mana foi ultrapassada por um Mercedes e eis que de repente,o seu carro onde ia a minha doce mãe, foi tocado e deu-se o inexplicável.Atrás dela ia eu, grávida da Tininha,e gritei tanto ao sentir a cuspidela do destino levar-me a minha mais do que tudo...choro ainda, depois de racionalizar e aceitar o que a vida me/nos reservou.Depois,já o sabeis,foi o reencontro tingido a sangue e a morte.Já na morgue o tio Salvador, foi reconhecer a irmã.Nome prenuncioso...Salvador, que por acaso é padre.Ajudou-nos a todos, esse homem pacífico,evangelizador.Ajudou-nos a sobreviver!Este foi o lado positivo no interior de tanta injustiça que vivenciamos desde então.Ainda lutamos pela reposição da verdade.O "criminoso"influente, nesta sociedade do mais forte e do mais poderoso, já tem um batalhão de testemunhas, não seja ele o Director do Instituto de Medicina Legal!Que ironia!
O que poderia ter sido um dos momentos mais felizes da minha mãe tornou-se o maior pesadelo das suas raízes, porque ela, presumo, foi ao encontro da paz, imediatamente, sem dizer um "ai".Perdoem meus primos esta analèpse dramática, mas eu precisava de expurgar esta poeira para enfim sublimar...o tempo ajuda-nos a vencer, o tempo é um aprendizado...
No trabalho tudo decorre,podia ser melhor, porém, aprendi a viver um dia de cada vez,estreitando-me no seio da família, célula única de refúgio e bem-estar.
Depois do julgamento darei notícias.
Desejo que tudo esteja bem convosco e que retornem a Portugal, pois a história não pode/deve repetir-se da mesma forma e com as mesmas personagens.Como nos diz Heraclito, não podemos banhar-nos nas mesmas águas do mesmo rio, porque tudo obedece a um devir constante.
Ficámos, então, temos de continuar esta caminhada...
Abraços da prima portuguesa
com saudades,
um beijo no vosso coração
Cristina

*Esta história foi-me contada hoje e chorei...nunca sabemos se o outro, com quem lidamos diariamente, traz um fardo mais pesado do que o nosso, por isso, demo-nos com carinho, ternura e saibamos ser homens e mulheres, apesar dos títulos que possamos ostentar na sociedade...de repente faz-se o nada.

Elvira:)
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