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Cronicas-->As Areias do Deserto -- 22/01/2009 - 23:28 (flavio gimenez) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Na verdade, eles se amavam muito. Nos olhos dele flamejavam os dardos da paixão, nos olhos dela o doce mel da intimidade. Todos os dias eles se enriqueciam mutuamente, em parte porque sabiam dividir os bons momentos, sem deixar de ver os maus momentos como uma importante parte do que comungavam. Eles comungavam o ar transparente da inocência e do perdão mútuo, enquanto faziam as abluções da manhã, em seu quarto perfumado de incenso.

O sol levantava glorioso e na casa dos dois brilhava o sonho do sonho a dois. Na sua casa a flor de lótus brilhava no pequeno lago que fizeram questão de criar para que ela se exibisse à noite, perfumando os caminhos de entrada àquela habitação.

Na verdade, eles se amavam além de seus corpos. Seus espíritos estavam entrelaçados numa fina textura, em fina rede que tateava suas personalidades porque antes de tudo, se conheciam muito, acho que desde muito pequenos e nem sabiam disso, porque seus pais e os pais de seus pais já se conheciam de há muito tempo, não seria diferente para eles então.

Para eles existia o tempo, mas numa suave passagem, como se fora um rio margeando o deserto cheio de pedras que cercava sua cidade, onde os Oásis eram porto de parada obrigatório para os povos nómades que existiam ali e além de outras terras. Na verdade, mais que amor, existia cumplicidade, existia ritmo de vida, existia tranquilidade. Havia um sentido.

O sentido que havia estava nas flores de Lótus que exalavam o suave perfume que enchia suas janelas no final da tarde, havia nas marcas de seus pés na areia molhada do pequeno lago. Existia sentido no cheiro de incenso, no mel dos olhos dela, nos dardos flamejantes dos olhos dele.

Em verdade, em verdade mesmo, vos digo: Eles se amavam muito, muito além do que significa a palavra "amar" em toda a sua extensão, enquanto passavam os silenciosos errantes do deserto em suas montarias cheias de panos rústicos, os rostos cobertos para se proteger da poeira seca da noite de caminhada. Sua janela deixava escapar a suave luz das lamparinas que tingia de amarelo os grãos de areia nas dunas próximas, enquanto a sombra dos dois se agigantava nelas qual fossem única figura, uma imensa estátua de duas cabeças e um só pensamento.

Comentava o errante ao ver a luz tecendo suas estranhas histórias na areia do deserto:

--Esses se amam, pelos deuses.
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