Vagando pelas ruas sou a própria,
a mesma que te escreve e chora o tempo,
aquela que te entoa os acalentos
e mata a sede em tua boca sóbria.
Vagando pelos dias sou a outra,
nem bela, nem cruel, apenas eu,
a chama que te afasta desse breu,
a voz que te consola em rima rouca.
Em nosso encontro em tardes de loucura,
onde a razão esconde outra procura,
nos galhos e nos ramos - verdadeira,
Eu sei desse inquieto sentimento,
que espalha nossos sonhos pelo vento,
e arde o amor-poema na fogueira.
Lílian Maial |