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Cronicas-->A NINFA DO RIO -- 07/01/2009 - 21:33 (Umbelina Linhares Pimenta Frota Bastos) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A NINFA DO RIO



Árvores esparsas, e muita pastagem que nasceram onde a queimada destruiu as matas. Campos e serrados existem ainda aqui e ali. É o Vale do Rio São Francisco onde se vêem algumas árvores e arbustos, tanto em Minas Gerais como em Goiás.
Existem também neste local o piqui, o barbatimão, os muricis, de frutos comestíveis e o buriti que todos os nordestinos saboreiam a geléia e o doce. Bem, há muito tempo atrás viviam nesta região um lavrador, sua mulher e uma filha pequenina. O local que eles habitavam era muito triste e desolado . E contavam-se muitas histórias de perigos tanto do cerrado como dos rios da região, por isso o lavrador pensando em sua filha querida já tinha se decidido em mudar-se para outro local.
Mas na mesma noite em que o lavrador vinha da cidade mais próxima onde estava a procura de um outro local para morar, sua esposa recebeu-o em prantos, extremamente pálida e muito trêmula, dando-lhe a má notícia de que a sua filha tinha caído no rio e fora arrastada pela correnteza. Que angústia meu Deus! Que sofrimento e perda irreparável que acabavam de sofrer!.
A única alegria e esperança que tinha na vida acabava de ser tão precocemente ceifada. Aquele pobre casal, que vivia tão afastado e trabalhando dia e noite, era digno de alguma coisa que lhe alegrasse a existência. Já tinham sofrido muito, tantas decepções... enquanto choravam abraçados lamentando a imensa perda, na sua humilde morada, iniciou-se uma tempestade terrível; o vento soprava forte e sacudia as paredes. As janelas e portas tremiam e eram acoitadas pela forte chuva.
Enquanto os dois, tremendo, se aqueciam perto do fogão de lenha pranteando sua pobre filhinha, ouviu-se entre os silvos da tempestades e o ribombar dos trovões um débil grito do lado de fora da casa, seguida de uma batida na porta.
O lavrador levantou-se assustado e apreensivo foi até a porta, imaginando que poderia ser algum companheiro lavrador, a pedir guarida. Mas ao abrir a porta, em vez de encontrar um estranho cansado e molhado pela chuva, assustou-se ao deparar-se com uma menina linda toda encharcada, e com água a escorrer-lhe pelo corpo todo. Com o rosto radiante de alegria, entrou no casebre e procurou aconchego próximo as brasas que crepitavam no fogão.
O casal ficou espantados, sem palavras e quando finalmente se recuperaram do susto da inusitada presença começaram a questionar sobre a origem da menina. Ficaram ainda mais admirados quando ela disse que tinha caído no rio Bonito, o mesmo em que sua pequena filha havia caído, e não se lembrava de quem era.
Para eles tinha sido a Providência Divina que mandava aquela linda menina, para ocupar o lugar de sua filha que havia se afogado. Emocionado o lavrador abraçou-a carinhosamente, passou a chamá-la de Bárbara, nome de sua filha, e a amá-la da mesma forma. Mas apesar de todo o amor que lhes davam, Bárbara causava muita preocupação. Sempre que o vento acoitava, a chuva caia acompanhada de relàmpagos e muitos trovões, com a água do rio subindo e transbordando, ela saia correndo enfrentando a tempestade batendo palmas e cantando.
O lavrador nestas horas sempre perguntava: Bárbara onde você está indo e ela respondia " Vou no cerrado acalmar a chuva brava". Para ela não havia coisa melhor do que as chuvas e tempestades. Dizia sempre que lhe agradava muito mais que costurar e cozinhar. Várias vezes dirigia palavras mais ásperas a esposa do lavrador . O lavrador se preocupava com o comportamento de Bárbara, mas apesar de se mostrar ingrata e malcriada, não era rancorosa . A personalidade forte e não o comportamento inadequado é que aborrecia seus pais adotivos.
Bárbara ficava a cada dia mais formosa. Um dia chegou próximo ao casebre um elegante cavaleiro que se perdera no cerrado; chamava-se Edifário e estava retornando de um torneio de peão, onde uma moça muito orgulhosa o havia desprezado. Ele estava bastante triste e abatido .
Bárbara jamais havia visto alguém mais lindo na sua curta vida. Ela puxou um banquinho e sentou-se aos seus pés, olhando-o no rosto e prestando atenção na sua voz. E sem nenhum constrangimento pegou a sua mão e a beijou carinhosamente. O rapaz estranhou um comportamento tão singelo, e questionando o lavrador inteirou-se da sua história . " Será por acaso filha de algum nobre? Pensou ele.
A garota falou-lhe dos ventos, das nuvens, da chuva e da tempestade e levou o cavalheiro para visitar o sítio que apesar de humilde era bastante aprazível. Levou-o para conhecer os cerrados, as várzeas os buritizais e a relva de um verde sem fim. Enfim apresentou-lhe todas as belezas da região. Edifário sentia-se cada vez mais encantado com a beleza irresistível daquela menina. Por fim enamorou-se perdidamente de Bárbara e propós casamento para ela. Ela aceitou de pronto e decidiram que o casamento se realizaria o mais breve possível.
Com a decisão do casamento e evidentemente o envolvimento de padres, igrejas e enfim a religião, a verdadeira história de Bárbara se revelou. Ela era uma ninfa do rio e, como toda ninfa não possuía alma. Seu pai queria que ela se tornasse verdadeiramente humana. Durante as conversas com o padre, que antecedeu o casamento, ele notou o comportamento estranho da moça em relação a tudo que dizia respeito a religião . Ela não tinha nenhum conhecimento dos evangelhos e da própria existência de Deus.
Após a conversa com o padre e de inteirar-se sobre a existência da alma, do céu e de tudo o mais, ela concluiu que a alma deveria ser uma coisa muito bela mas igualmente terrível. A aceitação de possuir uma alma era condição essencial para tornar-se totalmente humana. A posse de uma alma seria com certeza um maravilhoso presente mas também representaria uma imensa perda.
A alma seria imortal mas a partir daí ela também experimentaria a dor , as angústias e os tormentos humanos e principalmente, cedo ou tarde a grande pena : a morte. No entanto, o seu amor por Edifário era tão grande que ela se pós de joelho e humildemente, ante o sacerdote e, orando converteu-se em um verdadeiro ser humano.
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