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Cronicas-->Coração de Cristal -- 07/01/2009 - 13:54 (flavio gimenez) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Ele não contava com aquele dia de sol maravilhoso; depois de tanta chuva, depois de tantas nuvens, saber-se livre como um pássaro solto ao sol foi uma enorme surpresa. Estava acostumado ao nimbus da cidade, ao cinza-chumbo das paredes que o sufocavam. Precisava do ar livre, da atmosfera límpida que sucede a tempestade, precisava de ar puro. Não aguentava mais se sufocar sufocando-se e sendo sufocado.

Ele olhava o azul do céu, que brilhava qual turquesa naquele meio da tarde. Seus músculos doíam de prazer e vitalidade. Suas mãos como que abarcavam toda aquela beleza, todo aquele sentimento maravilhoso. Ele era grato por poder existir, grato por poder ver todo aquele movimento, ele estava emocionado com o simples fato de ser, de continuar sendo, de viver enfim.

Pensou em quantas pessoas que ele conhecia que viviam emolduradas, encaixotadas dentro de verdadeiras prisões que os estiolavam. Pensou em quantas pessoas que ele já vira que não tinham nenhuma possibilidade de ver o que ele podia ver naquele único minuto em que se dera conta de que era livre. Imaginou-se cego: Escuridão, nenhuma luz; Imaginou-se preso a uma limitação física, não pode conter o tremor de seu corpo. Imaginou-se inválido, quando viu um cadeirante andando entre os carros pedindo esmola para uma associação de atletas especiais.

Não, meu bem, não. A luz do sol iluminava sua face e ele pensava que tudo, tudo mesmo tem fim, mesmo o mais atroz dos sofrimentos, porque afinal não fomos feitos para sofrer, fomos feitos para amar profundamente e sermos amados, por aqueles que gostam de nós mas principalmente por nós mesmos. Fomos feitos para construir a nossa estrada cheia de caminhos que se bifurcam e por mais tortuosa que seja, sempre chega ao final trazendo-nos a certeza de que trilhamos o rumo certo, o rumo de nossa verdade mais íntima que é a verdade ditada pelo coração de cristal límpido que nos habita desde que nascemos e que fazemos questão de turvar com nosso dia a dia.

Ninguém estranhou quando ele, no meio da avenida movimentadíssima, parou o carro, desceu do mesmo, e ajoelhou de mãos postas agradecendo a Deus o fato de simplesmente estar vivo!

Em paz, ele entrou no carro e prosseguiu, profundamente comovido, o caminho que o levava a sua casa.
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