Usina de Letras
Usina de Letras
107 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62214 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10450)

Cronicas (22535)

Discursos (3238)

Ensaios - (10357)

Erótico (13569)

Frases (50608)

Humor (20029)

Infantil (5429)

Infanto Juvenil (4764)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140799)

Redação (3303)

Roteiro de Filme ou Novela (1063)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1960)

Textos Religiosos/Sermões (6187)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Cronicas-->1971 - A Capa -- 06/01/2009 - 10:31 (Jairo de A. Costa Jr.) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Terminado o segundo colegial, vamos ao terceiro, um fato normal, exceto em São Miguel Arcanjo, naquele longínquo mil novecentos e setenta. Pois é, não tinha o último ano do colegial, justo eu da primeira turma do Estado de SP e que fazer, a não ser correr para Itapetininga. Dito e feito, fui matricular-me no Modesto Tavares de Lima, porque no Peixoto nem pensar, só a turma daquela cidade.
Então, tornei-me estrangeiro, vindo da terra distante de sunmiguer. No início, ficamos divididos em duas classes e logo, por causa do ónibus, todos foram para a mesma classe, menos euzinho, que arrumei emprego naquela cidade e fui morar com minha vó, ficando livre do tal busão noturno. Decidi permanecer na mesma classe, pra ver o que ia dar, já tinha conhecido uns e outros, foi até bom, fiquei com as feras só por minha conta.
Depois, acabei aceito e fui colocando as manguinhas de fora, ficando amigo dos amigos e das amigas. Nas primeiras provas revelei ser um bom aluno, aplicadinho e um dez aqui, outro lá, fiquei mais amigo, um importante ninho de colas e quetais. Tudo nos conformes, trabalhando, ganhando um salário-mínimo, andando muito, subindo e descendo para o trabalho no Café Santo André, para o colégio, depois para o pebolim, importante matéria, alvo de vários estudos e embates, depois eu conto.
Chegaram maio e um friozinho chato, tinha pouca roupa, o uniforme era esquisito e pula-brejo, uma malha fraquinha, enfim, tava mal o arsenal para enfrentar o novo tempo nada calorento e, naquela época até geava. Ficando na mesma classe, como já disse, desenvolvi amizades leais e topa-tudos, tudos permitidos né. Isso para dizer da capa, a capa que me servia de cobertor e que iria revelar-se ícone naquele inverno e abrigo múltiplo. No início de junho, um friozão caipota de tudo e disposto a gelar bem geladinho quem se atrevesse a colocar o pé na rua fez-me olhar para aquele inanimado pano, que num silvo e num átimo virou a Capa. Sabe, era uma daquelas capas de chuva, para cavaleiros e cavalo, protegendo os dois, fabricada lá no Sul, acho em Porto Alegre, uma beleza, escondida beleza, rebaixada a cobertor. Corajoso de tudo, com o frio logo ali, saí com a capa à caráter - tinha um buraco para a cabeça, um monte de botões na frente e duas entradas para os braços, eu já com metro e oitenta e cinco absorvi direitinho os trejeitos "capianos", um jovem kid capa.
Imaginem a figura, mas, foi um sucesso no ponto, chegou o Pucci e já entrou na capa, justo ele com metro e noventa e cinco, depois o Vandico entrou no outro lado e, assim, os treis e a capa, a capa e os treis, agora um. Chegou a circular, não sei como entramos, nem como descemos no Modesto, só sei que entramos no colégio e foi aquele sucesso também, até a classe veio abaixo, era o inusitado, até um ar majestoso.
A Capa adquiriu vida própria, quase falando, foi paquerada, elogiada, ultrajada, tudo que um novo aluno merece, passou a responder a chamada e foi companheirona de todos e a todos ajudava. No final, sempre voltava aos meus braços e comigo ia dormir, uma amante quentinha e amorosa, deixando saudades e até ciúmes naquela gente: o Pucci, o Vandico, o Matú, esses os mais assíduos no aproveitar da capa, entre outros menos. A Capa amada, saudada, e até xingada pelos muito menos, nunca negou fogo. Herança e lembrança do meu avó, ela deixou saudades; nunca mais a vi, pois minha mãe a repassou ao meu tio Jarbas, achando-o mais legítimo herdeiro. A Capa teve seus quinze minutos de fama, que de vez em quando retornam, acho até na memória dos demais colegas do Modesto. A capa, enfim A Capa tornou-se...
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui