DEUSH x SATAN ???
Ponderemos tudo na vida. Em certos momentos, somos convidados a julgar, a emitirmos opiniões, a defender idéias que, devido ao posicionamento questionável da imprensa, ofuscando a verdade e veiculando tendenciosamente imagens, somos levados a incorrer em erro, fazendo-nos ser omissos à análise criteriosa dos fatos.
Falo do lapso de involução que, esporadicamente, a espécie humana vivencia: A GUERRA. A guerra, como a que vivenciamos atualmente, deve ser analisada de forma bastante crítica, possuindo grande relevância suas causas e conseqüências. Devemos buscar fontes variadas de informações, pois, em momentos como estes, há, paralelamente ao combate, uma guerra de ideológica, da qual um dos objetivos é obter maior número de pessoas simpáticas aos ideais deste ou daquele país.
Analisemos algumas ações praticadas pelos Estados Unidos e pelo Iraque. George W. Bush apregoa estar agindo em nome de Deus, pela deposição de um ditador, Saddam Hussein, que se apresenta como vítima, sem culpa alguma. Saibamos analisar tais posicionamentos de forma sensata.
Historicamente, os Estados Unidos são responsáveis por diversas ações bélicas e por vultosos investimentos financeiros em guerras e golpes políticos. No mesmo Oriente Médio onde hoje se desenvolve esta guerra, os EUA já promoveram treinamentos de guerra justamente para Osama Bin Laden e seus seguidores, autores da ação terrorista ao “World Trade Center” e investiram grandes somas de dinheiro em material bélico para a expulsão dos soviéticos do território do Afeganistão. Os Estados Unidos, por meio da CIA, agência de inteligência americana, foram o país realizador da Operação Condor, um serviço secreto de informações políticas na América Latina, o qual propiciou golpes políticos e a manutenção de ditaduras, com torturas, prisões e mortes, fatos marcados na história do Brasil. Como parte do mesmo processo de afastamento dos ideais comunistas da América Latina, a população cubana até hoje sofre com o embargo econômico imposto pelos Estados Unidos. Em toda a história da humanidade, somente os EUA utilizaram-se da bomba atômica sobre populações, causando destruição, graves problemas de saúde através de gerações e milhares de mortes nas cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, durante a Segunda Guerra Mundial.
O Iraque possui um passado de repressão sangrenta a seus cidadãos. Saddam Hussein e sua família comandaram extermínio e sofrimento do povo civil curdo. Em 1988, um ataque com armas químicas resultou em mortes de milhares de curdos e causou deformidades até hoje presentes nesta população. Saddam Hussein, com seu regime ditatorial de governo, utiliza-se de técnicas brutais de tortura e repressão a opositores de seu regime, xiitas, curdos e pessoas cujo comportamento seja considerado subversivo. Extermínios em massa de populações civis e o desrespeito às fronteiras com países vizinhos são freqüentes. No Iraque, a fusão entre fanatismo religioso, o regime político e a miséria, fazem com que milhares de iraquianos defendam seu território e crenças até com a própria vida, sob a forma de milícias paramilitares, com ataques suicidas. A vida dos cidadãos iraquianos é constantemente monitorada por informantes e uma rede de agências de segurança do governo.
Analisando-se o que cada país deleteriamente representou para a humanidade, constatamos que os conceitos de BEM e MAL não se enquadram no contexto desta guerra. Não se pode querer entende-la como uma cruzada de Deus contra o demônio, pois, a despeito de ser contra um homem e seus comparsas, a guerra está sendo travada contra um país inteiro, contra civis inocentes, contra crenças de um povo.
A ideologia das nações, que a nós é veiculada, baseia-se em isentar-se de culpas e incriminar o oponente, sendo isto pertinente tanto para o Iraque quanto para os EUA. Ao final da guerra, teremos como resultado a triste conclusão de que grande investimento financeiro foi direcionado ao enriquecimento da indústria bélica, em detrimento das centenas de causas humanitárias que existem mundo afora, e, provavelmente, a disseminação de atentados terroristas mundo afora, com exacerbação do clima de tensão entre os países.
Exaltemos o diálogo, a diplomacia, aspectos tão desrespeitados ultimamente, como formas mais justas e pacíficas de se obterem acordos, entendimentos entre os países. Mediante isto, o valor da vida humana será preservado, os direitos dos cidadãos serão assegurados e a paz mundial e o humanismo poderão, um dia, deixarem de existir apenas em sonho e tornarem-se realidade.
Eliezer Luna Alencar Feitosa
Barbalha - CE, 24/04/2003
eliezerfeitosa@hotmail.com
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