77 usuários online |
| |
|
Poesias-->Poema transverso -- 19/08/2001 - 11:51 (Felipe Cerquize) |
|
|
| |
Eu quero um poema que valha
Meio tronco inteiro meio maravalha
Que sirva ao ético e sirva ao canalha
Que seja elite e seja gentalha
Com fio cortante como de navalha
Consertando tudo o que escangalha
Capaz de vencer uma enorme batalha
Ao tempo que joga no solo uma toalha
Poema que use o poder da cisalha
Respeitando o gesto de quem achincalha
Que levante a cerca e derrube a muralha
Que colha a fartura e plante a migalha
Que zombe da minha cabeça grisalha
Que ajunte as parte do que se espalha
Que faça a costura do que se retalha
Carnavalizando a feia mortalha
Eu quero um poema que valha
O frio do pólo e o calor da fornalha
O ócio do rico e você que trabalha
Que seja perfeito porque leva à falha
Que permita o novo que permita a tralha
Que siga bem certo fazendo “bandalha”
Que erga e suporte o peso da talha
Forçando o silêncio do homem que ralha
Preciso de um poema que valha
O crime dos justos e a coesão da limalha
Que nunca me leve a Maracangalha
Mesmo que esteja com chapéu de palha
Que feche o olho que usa cangalha
Que enalteça o verme e a miuçalha
Que mantenha rijo tudo que chacoalha
Que una de novo o que se esfrangalha
Daqui a mil anos que seja a medalha
Do ser que ajuda do ser que atrapalha
De quem preconiza de quem avacalha
Fazendo-se probo na mão que metralha
Tão justo e tão torto que enquanto estraçalha
Os planos mais lindos de quem amealha
Permite também o caminho que atalha
A chama dos sonhos de sua acendalha
|
|