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Artigos-->Estigmas do Tempo. A mais recente obra de Rubenio -- 24/04/2003 - 17:48 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


A propósito da obra “Estigmas do Tempo

(A mais recente obra do amigo e acadêmico Rubenio Marcelo, da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras))







No feriado da Páscoa eu tentei colocar parte de minha leitura em dia. E me detive na obra de Rubenio Marcelo. Não sou crítico literário. E nem pretendo sê-lo. Até porque, entendo que, em se tratando de arte, tudo é possível e passível de ser interpretado – ou sentido – de várias maneiras.



Não existe, portanto, no meu modo de ver, notadamente no caso da literatura, a crítica única, a crítica exata, a crítica verdadeira. E os críticos estão aí para comprovar o que digo: não há consenso nem entre eles próprios; na maioria das vezes, procuram, através da utilização de critérios padronizados de aferição, manter uma linha, razoável que seja, de conduta semelhante, quando se voltam para a apreciação de uma obra de arte.



E, como diz o ditado, “gosto não se discute”. Cada qual tem seu sabor; seu nível de entendimento; seu potencial de sensibilidade; suas verdades; seu processo de interação com a obra. Todo gosto, portanto, é provável e passível de acontecer. Resumindo: de um ângulo ou de outro; de uma ou de outra maneira; com maior ou menor intensidade; a percepção da obra varia de pessoa para pessoa. Mas sempre deixará um rastro do belo; de algo novo. De surpreendente.



O livro de Rubenio é bom exemplo. Não me refiro a obra em si, pois ela é indescritível. Mas ela toca e emociona. Provoca e nos deixa vagando em pensamentos, pelos mundos de cada um de nós.



Conforme bem definiu seu amigo Francisco XAVIER Fontenele NETO, que conhece o Rubenio de longa data: “Trata-se de autêntico poeta e cronista do cotidiano, que por meio do seu belo e sério trabalho, sabe, como poucos, construir mensagens, estruturando, com maestria, palavras e sentimentos”.



Com efeito, a obra vale mais do que a beleza dos versos ali contidos. E já que estamos falando de obras, vale, a propósito, estabelecer o elo causal entre a obra, no sentido do livro, e a obra, no sentido da construção, propriamente dita, de mensagens e de estruturas de palavras e sentimentos acima referidos pelo Francisco Xavier Neto.



E isto porque, coincidência ou não, Rubenio é engenheiro. E também advogado, jornalista, desenhista e músico. E sei lá mais o que poderia ser, se quisesse.



Mas, depois que lemos seus escritos, verificamos que a sua formação principal, apesar de eclética, não se prende a este ou aquele ramo do conhecimento humano. Rubenio, na verdade, é um construtor; um ajudante de pedreiro; um marceneiro; um mestre de obras e um engenheiro. Um todo maior que as partes. e, nas horas vagas, um amante da arte de observar e sentir; da música; da poesia que anda farta e solta por onde ele passa, pensa e escreve. Um engenheiro da vida. Que projeta e assume a sua própria criação.



Um mestre de obras, no sentido de que conduz a sua construção na medida exata dos seus sonhos e dos seus limites. Criando e recriando espaços; de mil formas e maneiras.



Rubenio não se prende aos cálculos estruturais da obra. Mas as bases em que se assentam os alicerces são bem seguras; porque profundas. Só o amor constrói, é verdade. E Rubenio, neste sentido, é um construtor, um mestre de obras de “mão cheia”, como dizem lá para as bandas do nordeste brasileiro, lugar de suas raízes. Nesse processo altruísta de construção, o mestre Rubenio faz questão de escolher cada tijolo; cada tema; cada palavra; cada dizer.



Baseado na sua vivência. No tempo vivido e percebido. Nas marcas do tempo. O tempo que esclarece os desenganos e arrefece as emoções. O hoje , o ontem e o amanhã. O ciclo do tempo que não se repete em nós, mas que gira em torno de si mesmo. “Só o tempo tem tempo para mil passatempos e para os contratempos contidos nos planos”, conforme nos ensina o próprio Rubenio.



Cada tijolo de sua construção tem, portanto, a sua história; e a sua mensagem; que não deixam marcas aparentes, por fora, como as tatuagens; mas que cicatrizam por dentro, em forma de lembranças.



São tijolos moldados com a mistura de liberdade e de paz; a paz das noites estreladas; a paz dos justos; tijolos sólidos e consistentes. Que trazem a certeza e a segurança do amanhã sempre melhor.



“Se a vida é uma eterna conquista, esplêndida e plena de virtudes belas...Se acalentamos sonhos otimistas, edificando céus e plantando estrelas....É porque, sem dúvida, tudo isso é um grito fecundo de liberdade”.



Tijolos construídos, sobretudo, com base na fé. Na iluminação divina. Na crença da obra do Mestre maior; de todos nós: Jesus Cristo. Cristo, o criador. O Construtor primeiro.



A Fortaleza de Rubenio começa nos verdes mares deste planeta e segue na trilha da natureza, pelas verdes matas do Sul do Mato Grosso, próximo aos sons e aos mistérios do Pantanal; tal como tudo o que é divino: está em todos os lugares: na manhã radiante, na noite estrelada, no orvalho da madrugada, na voz do trovão, na lágrima sagrada, nos acordes da melodia, nos versos da poesia: “Jesus!: Essência de harmonia e perfeição”.



O divino que perpassa pela simplicidade. Pelo que há de melhor e mais puro na sabedoria e na cultura popular. É nesta fase da construção que entra em cena o músico. Dos sonhos e dos movimentos das marés. Das águas verdes de sua terra natal. Das noites estreladas de Campo Grande, a cidade que abraçou e onde vive atualmente. Com suas lembranças e saudades pintadas em quadros de palavras coloridas.



O advogado Rubenio, por sinal, também levanta muros; separa o joio do trigo; o justo do injusto; o certo do errado. E sua obra é permeada por ensinamentos e exemplos de justiça e de fraternidade. Enaltece a família. Agradece a Deus pelos filhos. E reza pelos amigos que partiram.



O acabamento de sua obra é composto pelas coisas do mundo e seus fragmentos; Um exercício de liberdade, em que o belo e o simples formam elos pequeninos e se confundem com o amor, na acepção ampla do termo.



E a obra parece inacabada. No sentido de que outros blocos de sonhos serão construídos. Tudo indica que, tão cedo, não se poderá retirar os tapumes da inspiração que a norteiam. Se depender da inspiração e da capacidade de produção desse engenheiro da vida, há muito por construir. E a “placa “homens trabalhando” deverá ali permanecer por longo tempo. Pois Rubênio não é homem de uma só construção.



“Estigmas do Tempo” é um livro que todos que trazem dentro de si o gosto pela poesia bem feita, harmônica e sonora, bela, séria e consistente, deveria ler: criadores e criaturas. Até porque...



“Todo homem é, a um só instante,

O seu próprio mármore e escultor.

É a tinta e as mãos do pintor,

As proezas da lâmina e o fio cortante.

O calvário da Comédia de Dante

Ou o paraíso que está nas alturas;

O sorriso e os gritos de agruras

Que, em latência, habitam nossa voz.

Somos, a um só tempo, todos nós,

Criadores e fiéis criaturas.

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Parabéns, mestre. Ser um de seus amigos, é um grande privilégio. Domingos.

Brasília, em 24 de abril de 2003



























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