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Cronicas-->A Lenda dos Willibor -- 04/01/2009 - 02:23 (flavio gimenez) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Olhando do alto o belo castelo tinha torres brilhantes. Notáveis torres cheias de bandeirolas onde se via o brasão da família a que ele pertencia. Eram de uma linhagem nobre, sua ascendência era uma nobre família que nascera nos confins da Irlanda, na época em que ainda se adorava a Deusa e os cristãos ainda não haviam chegado a dominar aquelas terras frias e chuvosas.

Nessa época longínqua é que nasce nossa lenda, que vou tentar contar a vocês. Pois bem, as terras eram dominadas pelo clã dos Willibor, seres fortes e bravios, que obedeciam a um rei que se chamava Elrood. Sua esposa, Winnie, era linda, dona de lindos olhos azuis e de alva pele, pescoço longo ornado de gemas presenteadas pelo seu esposo cuidadoso e corajoso. Sim, corajoso porque Elrood enfrentara muitas batalhas pelo seu reino, inclusive corria a lenda de que enfrentara reinos mágicos e obscuros para que pudesse finalmente ficar em paz com sua rainha Winnie em seu castelo maravilhoso. O Castelo tinha muitos aposentos, muitos quadros cheios de imagens tiradas pelos seus melhores pintores que acorriam ao rei sob a promessa de que haveriam de receber prêmios quanto mais belos fossem os retratos. O frio vento batia nas janelas do castelo e o frio fazia as pessoas encolherem, pois aquele era um castelo grande e ventoso. Todos se sentiam seguros dentro dele.

Acontece que a todo bem se opõe o mal, a toda luz se opõe a sombra. Quando da época em que Elrood e Winnie resolveram que seria o momento de colocar um herdeiro no mundo, tentaram de todas as formas e Winnie não engravidava. Elrood ficou preocupado, tinha medo de ficar sem descendência, queria deitar suas raízes no mundo afinal. Como é que não engravidava Winnie? Começaram a discutir, como se a culpa fosse dela; ele não compreendia que o problema era dele mesmo, era dela também mas o que criticava nela era que não poderia lhe dar um herdeiro que pudesse usar da espada do pai ou de uma herdeira que pudesse povoar o mundo de rebentos que espalhariam sua lenda no mundo.

Na densa floresta existia uma estranha senhora, uma senhora velha e fugidia que todos achavam ser uma espécie de bruxa. Ninguém a incomodava, medrosos que eram com essas coisas. Mas ela estava lá e Elrood levou sua esposa lá para que se pudesse ver o que ela poderia lhes dizer. Chegaram ao habitáculo da velha senhora, não sem antes passar pelos perigos da floresta sombria, cheia de ruídos estranhos, como gravetos que se quebravam sozinhos ou ventos trazendo rumores escusos. Enfrentaram a tudo os dois, impávidos, batidos pelo vento frio que se fazia mais presente a cada passo que davam. A cada passo que davam, a noite se adensava em torno deles e eles tiritando de frio finalmente chegaram ao local em que a encontrariam. A mulher realmente fazia jus ao que se falava dela. Realmente, era muito feia, tinha uma pele cheia de furos de alguma doença antiga, o nariz adunco era quase um bico e seus olhos eram baços quando os fitaram.

Elrood a saudou:

--Salve, velha senhora.
--Muito obrigado, meu senhor, pela gentileza de me saudar!
--Ora, por quê razão assim me falas?
--Porque és um homem gentil, porque rara é a ocasião em que um homem como vossa majestade se dirige assim a um ser vil como eu sou.
--Minha senhora, temos dúvidas em relação a tantas coisas...

A velha senhora, olhando o belo casal, ela loira e frágil, ele de barba cerrada, ruiva e de forte compleição física, viu de chofre o que os afligia.

--Sei que o que querem é um herdeiro e ele não vem!

O casal se entreolhou boquiaberto. Sim, era essa a principal preocupação deles que os levara até ali.

--Conheci um casal antigo que veio aqui há muito tempo. Eles também me procuraram pelo mesmo motivo...

Há anos estavam tentando trazer ao mundo um herdeiro, mas não conseguiam. Eram de uma boa linhagem, eram de uma boa família, obedeciam aos princípios sagrados da Deusa e estavam convencidos de que não conseguiriam trazer ao mundo o tão desejado bebê. Tinham feito todas as coisas possíveis, haviam procurado todos os sábios do reino. Vieram a mim.

--"Ajude-nos, boa senhora! Não sabemos mais o que fazer!
--Tenham paciência, juro que lhes ajudarei.

Pegai, na floresta, as ervas que estão à beira do lago prateado. Pegai na árvore mais alta o mais denso arbusto que acharem; na relva úmida da manhã, procurai o fungo que nasce na calada da manhã, antes de os pássaros cantarem. Perto do covil dos lobos cresce uma trevo roxo de cinco folhas que parece um trevo mascarado. Trazei a mim estas plantas e vos prepararei uma poção. Assim eu digo.

O casal saiu à busca de tais tarefas. Em cada um dos obstáculos que achavam, procuravam com paciência enfrentar os riscos a que se haviam proposto. Unidos, os dois avidamente rastreavam o chão à busca do fungo, a copa das árvores á busca do arbusto, perto da cova do lobo tiveram de se arriscar à busca do trevo roxo e finalmente completaram suas tarefas. Entregaram à mulher a estranha mistura. Ela os fez beber e eles caíram em estranho sono, um transe onde eles se viram em sonho, ambos, vestidos de ricos ornamentos, douradas roupas a lhes fazer mais majestosos e no sonho, se uniram docemente numa cópula de um amor sutil e leve, que os fez acordar banhados em suor benigno, como aquele que se tem quando se sai de um bom sonho.Sabiam estar diante de um Milagre e se prostraram diante da maravilhosa constatação."

O casal de jovens ouvia atento o que dizia a mulher estranha e sibilina. Ela os olhou e ficou a indagar com os olhos o que eles realmente queriam com ela.

--Então, boa senhora, precisamos de vossa ajuda para completar nossa missão aqui na Terra. Não nos consideraremos satisfeitos senão a fizermos! Não posso ser rei sem que minha rainha não seja fecundada por minha semente. Compreende?
--Perfeitamente, meu filho!

A risada dela os assustou, mas ela parecia estar determinada a ajudá-los, como o fizera há muitos anos atrás.

--Pois bem: Caçareis o pássaro raro na cachoeira e o quero trazido em gaiola de prata. Tomareis da água do rio e descobrireis no leito do rio uma gema que guardarão para mim. Na árvore oculta dentro da caverna retirareis a semente do fruto dela. Assim são as tarefas que vos proponho.
O novo casal foi a campo, caçar o mais raro pássaro, descobrir a gema mais azul do fundo do rio e pegaram a fruta da árvore da caverna. Levaram as prendas ao local onde ela vivia sozinha.

--Minha senhora, aqui estão vossos pedidos!
A velha senhora olhou a tudo aquilo e os premiou com um enorme sorriso:
--Conseguistes a gema mais profunda do rio! O fruto proibido da árvore oculta vocês a trouxeram!O pássaro mais raro o trouxeram a mim!

O guincho do pássaro enchia de beleza o local de luz e beleza.

A velha senhora os guiou para o local aonde seriam tratados.

--Aqui, onde seus parentes me procuraram há muitos anos, e outros há muitos anos também o fizeram e me confiaram essa missão, aqui se deitarão.

Eles o fizeram. A velha fez a mistura fumegar em seu panelão; o perfume se evolou das misturas estranhas qual linda fumaça. Caíram em sono profundo e se viram num rio, onde a gema apontava os rumos que seguiriam, para que pudessem fazer um reinado logo e justo! Seguiram sua luz, tomaram da água do rio e ouviram o canto do pássaro encantado. Ao acordarem, uma paz indizível habitava seus corações. Tinham a certeza de que já havia um herdeiro a caminho; seguiram a pé até onde haviam deixado seus cavalos que os esperavam pacientemente e se afastaram dali não sem antes olhar a maravilhosa estrada cheia de nesgas de luz que vinha das copas das árvores. Sabiam que o sagrado havia acontecido entre eles; tinham a certeza de que havia mais uma pessoazinha ali, dentro deles havia a certeza de que agora o mundo traria à luz a perfeição de uma criança.

Lá no fundo da floresta, a velha senhora, assim sentada em seu tronco, pitava um cachimbo e matutava.

--Crianças, sempre as mesmas crianças. Pode-se dizer que eu pari dois reis! Sou mesmo abençoada!

A mancha de luz que se abriu acima dela, na clareira onde ela vivia tão só, apenas confirmou o que ela já sabia. Afinal, é da sombra que nasce a luz!
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