Ao meu rincão que soletrei sílabas de todos os tons
Deixo o meu desejo provinciano.
Foi nas tuas praças que descobri a poesia
Foi na tua noite que desvendei mistérios
Foi no teu dia que morri muitas vezes
Foi no teu canavial que deixei meu sangue
Foi no teu rio que comunguei com a vida
Dos bairros nobres ao baixo meretrício
Dos bueiros da usina aos estudos da faculdade
Da safra da cana à entresafra da razão
Da incompetência da câmara ao sucesso dos loucos
Dos desvarios comerciais aos crimes impunes
Das damas hipócritas às jovens sedutoras
Das reuniões inúteis às sala de dança
Dos cultores do passado aos artistas malucos
E me completei
dizimei
E me consenti
Com certeza
Deixo o meu velório
E a paz de quem sorri.