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Cartas-->MISSIVA DO ESCONJURADO -- 26/12/2004 - 07:45 (LUIZ ALBERTO MACHADO) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Ôi, mãe!!!

Não se abufele com a ausência desse seu filho desnaturado.

A senhora sabe: é uma correria na garupa da sobrevivência para não cair morto em qualquer lugar ermo e, acima de tudo, prá gente só sobra assando-e-comendo, mais nada, e quase tenho uma piloura de tanto estresse se num estourar as coronárias antes.

Vou driblando os revestrés como posso com a minha pontaria vesga, saltando vicissitudes adversas, desatando cada nó-cego, tudo numa reação em cadeia, chega penso que a gente é um alvo arrudiado de bronca por todos os lados.

É cada chapuletada no toitiço findando no escanteio das possibilidades, com o trauma de viver infincado num verdadeiro buraco negro. Nem tei nem bei: boiando na Alfa do Centauro, avalie.

Realmente, mãe, o Brasil num tá prá gente, não. Se a França, a Áutria, a Itália, tudo andando prá trás, imagine o que será da gente!

Por isso inventei de rascunhar o Fecamepa e com o fechamento do primeiro esboço, eu findei berrando: - Eu quero a minha mãe!!!!!!! -, pois percebi que a cagada no Brasil vem de tempos remotos, desde o descobrimento quando os portugas saíram para as Índias e, à deriva, chegaram aqui.

Depois fiquei imaginando como se deu realmente a origem do nome Brasil. Eu mesmo sei que li num sei onde que Brasil vem daquela idéia de éden terrestre, canãa, eldorado, paraíso.

Noutro canto, da expressão Hy Breazil, vermelhos, duma ilha do Atlântico.

Mas olhe, a bronca é grande: não sei se é de ibira-ciri, da paraci, do parasil, da caesalpina echinata, ou do celta, árabe, latim, ou que droga que seja, sei da que Chico Anysio falou: bravos rapazes americanos silenciosamente irão levando! O resto é excremento intelectualóide. Pá!

Os projetos? Ah! mãe, estou com os contos reunidos no "Fúria dos Inocentes", a segunda edição da "Primeira Reunião", comemorando neste ano de 2002 vinte anos do primeiro livro; outro de poesias, "O trâmite da solidão"; a novela "Proesas do Biritoaldo"; tentando o cd do infantil "Falange, falanginha, falangeta" e do "Matizes", com algumas da minhas músicas já gravadas; e a encenação da peça infantil "Lobizomem Zonzo".

Como a senhora sabe, estou sempre escrevendo e compondo que nem doido varrido que num tem o que fazer.

Daí até publicar, aí sim, é que vem a bronca mesmo.

Tem nada não, fica tudo guardadinho na gaveta até aparecer um momento propício.

Ah, tá. Viu o Ozi na televisão, foi? O disco dele, "No canto da boca", está indo de vento em popa. Desejo muito sucesso, ele bem que merece.

Mas olhe, mãe, estou com saudades. Não leve essa minha distância na conta da ingratidão. É a labuta que é braba.

A senhora sabe que mora no meu coração e que um dia, quem sabe, Deus dará e eu vou poder estreitar nosso convívio, oxalá.

Receba desse troncho-das-costas-ocas liliputiano aquele beijão melado no coração e saiba que escapando aqui e ali eu vou gritando: mãêêêêêêê!!!!!!!!!!!!!

Bié, bié, glup, glup!!!!

© Luiz Alberto Machado. Direitos reservados.

PS:Inicialmente publicado em 2002, na coluna “Rascunhos Eventuais” (http://www.vaniadiniz.pro.br/la_rascunhos_eventuais_missiva_do_esconjurado.htm) e posteriormente inserido no e-book “Rascunhos Eventuais” (Florianópolis: Online Book, 2003).

Veja mais do autor, acessando: www.tataritaritata.com.br

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