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Contos-->Jatene e a CPMF -- 09/07/2001 - 22:45 (Felipe Cerquize) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Estávamos no ano de 2010. O que Alvin Tofler chamava de “choque do futuro” era coisa do passado. O que se vivia era uma sociedade caótica e contraditória. Enquanto as pessoas que tinham algum dinheiro utilizavam a cibernética para tudo, aqueles que não tinham recursos materiais eram execrados, sem o mínimo de assistência social. Pelo menos, uma coisa ricos e pobres tinham em comum: o vício. O narcotráfico havia tomado toda a América Latina e ditava o comportamento em praticamente todo o globo terrestre. O mundo era refém das drogas. Era o dinheiro pelo dinheiro, não importava se para construir ou para destruir. No meio desse panorama paradoxal, o mundo ocidental se gabava de haver eliminado a indústria do cigarro do seu mapa. A última fábrica havia sido fechada em 2007. Muitos dos ex-fumantes, atônitos, descambaram para o ilícito, que passara a ser a única possibilidade.

No Brasil, não era diferente. Nas telas planas das televisões de alta definição, ainda se via a figura do ex-ministro José Serra, falando sobre o feito heróico de haver proibido a propaganda do cigarro durante a sua administração. O cabeça-de-feto era considerado o pai do antitabagismo e dava palestras em todo mundo por causa disso. Reconhecido internacionalmente como doutor “honoris causa” em Medicina, naquele ano, finalmente, teria a honra ao mérito que lhe faltava: o Prêmio Nobel. Quando a notícia foi dada, uma multidão de repórteres deslocou-se para a casa do velho Serra. Pego de surpresa, o seu filho cinqüentão os recepcionou com o sorriso um tanto amarelo, numa atmosfera que trazia a morrinha de outros tempos. Enquanto alguns profissionais entrevistavam o ex-ministro, outros conversavam com o seu filho que, despreparado para tantas perguntas provocativas que lhe faziam, acabou contando que guardava na sua casa os últimos pacotes de Free existentes na face da Terra. A confusão estava formada. Quando soube o que o filho estava falando, o pai apareceu, transtornado, tentando desmenti-lo. Serrão e Serrinha começaram a bater boca e atracaram-se diante de todos, rolando e batendo em tudo que aparecia pela frente. Cena inusitada que chegaria aos píncaros do bizarro quando ambos chocaram-se com a porta de um dos cômodos da casa. A porta se abriu e das prateleiras existentes dentro do cômodo caíram não só pacotes de Free, mas também de Derby, Hollywoody e até de Palace e Plaza, cigarros que, de uma maneira ou de outra, tinham os seus nichos de mercado. Com mais meia dúzia de acusações entre pai e filho, ficou tudo explicado. No final do século XX, Serrinha vislumbrou que seria um excelente negócio o tráfico de cigarros num mundo em que o tabaco fosse proibido. Passou anos e anos comprando e guardando pacotes de cigarro e desde 2007 vinha comercializando o fumo no mercado negro. Tudo sem que o seu pai percebesse que era apenas um instrumento para os seus planos. Quando soube, passou a repugná-lo, mas teve de continuar convivendo com o seu filho solteirão para manter as aparências, já que havia se tornado uma celebridade internacional pelos méritos da campanha antifumo.

Esta história pode ser um tremendo delírio, mas uma coisa é certa: temos sempre de desconfiar de atitudes que são políticas, pois, mesmo que haja uma boa carga de honestidade nas intenções demonstradas pelo seu mentor, sempre haverá alguém querendo manipular as idéias concebidas em prol de interesses espúrios. Vocês se lembram de Adib Jatene querendo instituir a CPMF para sanear o nosso Sistema de Saúde? Pois é. Hoje, só Deus sabe qual a exata repartição do dinheiro arrecadado com essa contribuição. E, como se não bastasse, a partir de 18/03/2001, a alíquota a ser deduzida dos saques de sua conta corrente voltou a ser de 0,38%. E mais ainda: grandes chances de que passe a ser um imposto permanente, a partir de 2002.

Como diria o Barão de Itararé, se ainda estivesse vivo, “O mal do governo não é a falta de persistência, mas a persistência na falta”. Quiçá nos excessos, meu caro Barão…
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