Arranquei a pele da máscara. Vi que nada é assim tão verdadeiro como aparenta ser. Tive a certeza das incertezas. Uma estranha inclinação apoderou-se dos meus lábios. Ao tentar abri-los, nenhuma frase acetinada aflorou. Tudo aparentava concreções perfeitas da falsidade. Numa proximidade distante, instalado em meio a minha hesitação, pressenti alguém.
Meu pensamento irrequieto, quase incoerente, ziguezagueou. Simulando correspondência entre respiração e olhar, chamei:
- Olá, tem alguém aí?
A velha e apodrecida veneziana mexeu.
Por detrás, um vulto irreconhecível balançou.
Rápida e medrosa, escondi-me atrás do muro da falsidade. Tranquei os lábios, Sequer balbuciei palavras.
A veneziana, em câmara lenta, fechou.