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cronicas-->LEITURA MNEMÓNICA -- 07/12/2008 - 21:10 (JOAQUIM FURTADO DA SILVA) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
LEITURA MNEMÓNICA

Contava o menino dez anos de idade. O professor, autodidata versado em muitas matérias e dotado de excepcional conhecimento e também de boa didática, mandou que abrisse determinado livro, que apontou dentre muitos enfileirados em uma das prateleiras da estante. Feito isso, mandou que o menino abrisse o volume, sem indicação de página e de assunto. Mostrada a página ao mestre, mandou este que o menino lesse, a partir do primeiro, dois ou três parágrafos.
A leitura foi rápida. Leitura própria de um menino que julga que já aprendeu a ler bem.
- Tá. Pode fechar.
O menino fechou o livro, mantendo um dedo ainda a marcar a página. Esperou o veredito.
- O que foi que você leu?
Emudeceu o pequeno. A explicação não sairia, tinha a certeza. Por razões várias. A leitura rápida não permite boa apreensão de conteúdo; não esperava também ser arguído sobre o conteúdo do texto, pois julgava que apenas estava sendo testado na fluência de leitura. Começou por ensaiar um misto de resposta com desculpas, logo interrompido pelo esclarecido professor, que usou do expediente para mais uma lição ao menino e aos condiscípulos deste.
Quando se lê com o objetivo de estudar, com vistas a bem aprender o tema, deve-se digerir calmamente o teor de cada sentença, de cada período, de cada parágrafo. Por outro lado, a leitura simples para que outros a ouçam pode ser mais rápida, contanto que as palavras e frases sejam pronunciadas com clareza e entonação própria do sentido que o autor quis firmar. A leitura silenciosa se processa mais rapidamente, apesar de que Joyce Brothers (COMO DESENVOLVER A MEMÓRIA) ensina que a leitura em voz alta facilita a mnemia, por agirem conjuntamente dois dos sentidos, visão e audição, na tarefa receptiva de apreensão do assunto.
A obra citada, de Joyce Brother, li-a em 1974, em longas e enfadonhas manhãs que demorava no Instituto de Radiologia, no bairro Porangabussu, em Fortaleza, aonde acompanhava diariamente uma parente que ali fazia tratamento. Gostei de ler aquele livro, conquanto na época fossem os romances minha febre de leitura. Alguma coisa extraída da obra de Joyce ter-me-á servido ao longo da vida, julgo; extraio, porém, da vivência cotidiana, que a fixação de detalhes na memória dar-se-á sempre em maior grau quando o objeto nos interessa sobremaneira. Quando gostamos de uma determinada disciplina escolar, não só a aprendemos com maior facilidade, como a guardamos, aí está, nos detalhes e fórmulas, por todo o sempre.
Entre os meus, sou considerado pessoa de memória privilegiada. Meia verdade. Claro está que é o meu interesse pelas coisas que as faz permanecerem armazenadas comigo. Perguntem-me por determinada placa de veículo, ou pelo número do telefone de um colega, até mesmo pelo número do interfone da minha sala de trabalho, e não saberei dar resposta certa. De muitas obras que li, livros retirados da biblioteca colegial sem um conhecimento prévio do estilo utilizado pelo escritor, devorei-os somente e posso citar perfeitamente os títulos e os autores, não porém o conteúdo. De outras tantas - aquelas que li com sofreguidão, as que digeri com prazer, algumas que reli uma e duas vezes - informarei o nome do autor, o título da obra e detalhes que sejam interessantes no momento.
Se não te interessas, ó leitor, por assuntos como este de que ora tratamos tu e eu, não leias esta crónica. Mas se chegaste até esta linha, lê as quatro que faltam.
Aquele menino era eu. O mestre era Francisco Araújo Farias, autor do livro A Evolução do Sistema Solar.
A quem emprestei minhas peças do jogo de xadrez? Esqueci de quem as tomou emprestadas. Este esqueceu de as devolver.
Joaquim Furtado,
Abril de 2001.
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