Há imagens que nossos olhos encontram que, depurados delas todos os venenos políticos intrínsecos, valem a pena guardarmos na memória. São imagens que traduzem certa satisfação cívica. Pois é: em dois de setembro de 2008, a bordo do navio JK, o Presidente Lula, a Ministra Dilma e o Ministro Edison Lobão sujaram suas mãos - no bom sentido da palavra - com o primeiríssimo óleo fino vindo da camada do Pré-sal - o óleo de uma nova esperança. Às 9h30 da manhã desse dia, na P-34, a festa do batismo desse novo tempo foi realizada.
O que me põe uma pulga atrás da orelha é que estávamos a 05 dias do nosso "7 de setembro" e, exatamente nesse dia, essas mesmas autoridades voltaram a pór à baila, com mais emoção ainda, esse teatro-festa da descoberta.
Há um desafio tecnológico imenso pela frente. O Pré-sal é uma alvissareira, mas desconhecida paragem petrolífera de nosso subsolo. São carecidos muitos dólares para sua exploração. A euforia apenas mela o macacão de óleo. A Petrobrás terá que ultrapassar seu desafio maior. O campo de Jubarte não permitirá que jorrem dólares. O óleo requerirá uma tecnologia de ponta e de última geração. O teste de longa duração (LTD) está sendo realizado nesse campo. O tempo para que este teste seja realizado irá a aproximadamente doze meses.
A Petrobrás, pasmem, trabalha debruçada numa área que representa nada menos do que 800 quilómetros de comprimento por 200 quilómetros de largura. Um mar imenso cheio de riquezas e desafios. Estende-se ele desde o litoral do Espírito Santo até Santa Catarina. Chama-se Tupi sua primeira área a ser explorada. Essa área apresenta um volume estimado de 5 a 8 bilhões de barris de petróleo.
Apenas Tupi poderá aumentar as reservas petrolíferas brasileiras em mais de 50%. Os poços poderão alcançar uma profundidade de 7000 metros. A Petrobrás espera estar ainda em 2010 explorando comercialmente o campo de Tupi, inicialmente produzindo 100.000 barris/dia - o que representa 5 por cento de nossa produção atual. Fantástico! Ainda para pór açúcar no bolo da descoberta, o tipo do petróleo do nosso Pré-sal é de ótima qualidade - o chamado óleo leve. Apenas para informar ao leitor, a grande maioria do óleo de que o Brasil dispõe hoje em extração é de qualidade inferior - óleo pesado. Portanto, o perfil das próprias reservas da Petrobrás sofrerá uma metamorfose bastante interessante. Ao lado desse petróleo, estarão milhões de metros cúbicos de gás natural que, certamente, muito contribuirão para o fomento desenvolvimentista do nosso parque industrial que usa essa substància como energia.
E como pré-requisito para toda essa esperança viva de exploração, sabemos do Plano de Renovação da Frota de Embarcação de Apoio da Petrobrás. Nele está prevista a construção de 146 embarcações - representando tudo isso 70% das embarcações em uso pela Petrobrás na atualidade. Serão consumidos investimentos na ordem de oito bilhões de reais nos próximos seis anos.
A Petrobrás, através de sua subsidiária Transpetro, encomendou 23 navios-petroleiros e gaseiros. Como se vê, há uma bem pensada operação paralela à s descobertas em Jubarte. A renascida indústria naval brasileira estará sendo também alavancada com todos esses acontecimentos.
Creio que a Petrobrás estará muitíssimo mais forte doravante. O gigante adormecido acordou e produzirá muito mais do que já é visto hoje. Teatro à parte, nosso olhar deve mesmo é enxergar esses novos dias como alvissareiros, porém com redobrada responsabilidade. Teatralizar, jamais; trabalhar duro, sempre!
