O primeiro chegou assim como quem vem do nada, como quem não vinha pra ficar...me mostrou o seu mundo encantado e me convidou pra entrar...no começo eu achei que não queria, mas quando vi já estava em seu jardim.
Ele era homem que não chorava, só sabia sorrir, ele era como um pote de doce de leite sob a mesa e eu um copo de veneno em cima do piano , amores assim temperados têm o equilíbrio tênue e os amantes são como equilibristas caminhando em fio de navalha.
Ele me mostrou seus carinhos de aluguel, me chamava de menina...no começo eu gostava daqueles fascínios e mimos, mas com o tempo tudo foi perdendo seu brilho, apagando sua luz, naquela época eu precisava de dor e não de carinho...e foi assim que um dia decidi que não queria mais brincar de ser feliz e tudo se acabou.
O segundo tinha um verde profundo no olhar e me fazia sentir uma selvagem , enquanto todo mundo queria se encontrar eu só queria era continuar perdida, ele tinha gosto de fruta amarga e estrangeira e seu cheiro era de decisão, quando ele acariciava a minha emoção sentia um frio a gelar a espinha, ele foi o São Jorge que matou o meu dragão...
Ele me inventou novos brinquedos, queria que eu esquecesse de minhas bonecas, escolhia a minha comida , decorou a minha casa com a sua cor...eu garota-menina estava tão distraída que só queria desaparecer dentro dele.
Mas a maré virou...(homens que chegam assim como príncipes depois viram sapos, melhor são os que chegam como sapos e depois viram príncipes) e o moço dos olhos verdes, arranhou meus cds, manchou as minhas roupas brancas de vermelho,vomitou no meu chão, cuspiu na minha cara, violentou meus segredos e badernou meu guarda-roupa...aquele a quem entreguei minha mais pura essência destruiu meu coração...e foi assim que um dia decidi parar de sofrer e tudo se acabou.
O terceiro parece que veio das estrelas e eu estava quase seca e desalmada quando ele chegou...ele era o homem que tinha espelho nos olhos emoldurados por uma tez morena, garoto-menino que voava sem radar logo no primeiro beijo já me deixou sem ar...um dia eu disse pra ele que tinha medo de perdê-lo, que temia o escuro e tinha pavor de morrer.. . e ele me disse com seus olhos fechados:
“ Eu escrevo coisas de amor não para ficar em paz, porque o amor é guerra...hoje eu escrevi um poema pra você viver mais...”
Com ele jamais qualquer uma das minhas leis funcionou, foram todas revogadas, fugir com ele é como tirar férias da realidade, cavalgamos ventos em direção do fim do mundo, nossos filhos já brincam entre a gente mesmo antes de nascer...somos amantes naturais daqueles que amam por si mesmos e pelos demais, que usam para se amar todos os meios e não se preocupam com os fins, daqueles que estão no aqui e agora, mas não tem pressa alguma em estar em tempo nenhum.
Ele é a minha extrema sina, minha derradeira sentença...nosso amor é como a correnteza de um rio que foge do mar, eu sei que ele é nuvem e eu sou ar , mas aprendemos a distrair a verdade e a enganar as mentiras...nossa paixão vive virando amor e nosso amor vive virando paixão...
E foi assim que encontrei um amor que não chegou na hora marcada e mesmo assim soube o tempo certo de chegar, um amor que surgiu assim sem começo e que parece que nunca mais vai terminar.
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