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Contos-->27 - UMA FIGURA ESTRANHA -- 02/09/2020 - 14:01 (GERMANO CORREIA DA SILVA) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

27 - UMA FIGURA ESTRANHA



 
A lenda do lobisomem brasileiro remonta de tempos em que ainda existia luar sem a marca da poluição no ar, lugares em que as pessoas poderiam andar à noite, sem receio de serem roubadas ou molestadas de alguma maneira sinistra, e/ou até mesmo correrem o risco de serem vítimas de sequestros.

Eram em cenários como esses que o lobisomem, essa figura estranha tão propalada pela crendice popular, costumava aparecer, de forma meio tranquila e que, certamente, tem sido por isso que a lenda que trata da existência dele no nosso mundo real tenha ocupado espaço nos compêndios de nosso folclore, até os nossos dias.

Há várias versões empregadas pelos contadores de causos do nosso país, que se incumbem de justificar o fato de existir um homem, que de uma hora para outra, e em determinado momento de sua vida normal, se transforma em um ser, que dizem ter metade lobo e outra metade homem.

Desde seu tempo de criança, vivido lá nas brenhas do sertão nordestino, que Billy Lupércio Daniel tem ouvido as pessoas mais velhas contarem que a transformação do homem para o ser lobisomem sempre ocorria à meia noite, de preferência em uma sexta-feira, de um dia treze do mês e que tinha seu início e fim em uma encruzilhada.

Ali, naquele lugar ermo e sem a participação de outras pessoas, geralmente antes do canto do galo, determinado homem que já fazia parte de uma família em que ele era o oitavo filho, de uma sequência de nascimentos de crianças do mesmo sexo e, em razão disso, ele tenderia a se transfigurar em lobisomem, ocasião em que ele ficaria metade lobo e a outra metade homem.

Contavam ainda, que quando um homem se transformava nesse animal estranho, que o denominaram de lobisomem, ele saía à procura de sangue para beber, ou de crianças bem pequenas que ainda fossem pagãs, além de, na medida do possível, tentar matar, de forma violenta, tudo o que aparecesse à sua frente.

Eram causos horripilantes, rotineiramente contados por essas pessoas, mas o que mais deixava o garoto Billy encucado e assaz curioso com o desfecho dessas histórias, geralmente contadas à noite, nas rodas de amigos, era saber que antes do amanhecer, o homem que tinha se transformado em um lobisomem, teria de retornar àquela mesma encruzilhada, e que somente ali ele conseguiria voltar a ser humano novamente. Em nenhuma outra hipótese, mesmo que estivesse chovendo canivetes, ele poderia se valer de outra encruzilhada, mesmo que ela tivesse as mesmas características acolhedoras da original.

Billy nunca tinha visto um lobisomem na sua frente, mas, certa vez, ao retornar de um cinema que ficava no centro da cidade onde morava, ao chegar perto de sua residência, por volta da meia noite, ele percebeu que a maioria dos cães da sua vila, latia e corria atrás de algo estranho.

Ele recorda que, em princípio, sentiu um pouco de medo, e por isso quis imaginar tratar-se de um homem, vestindo uma capa preta, andando de quatro, como se fosse um animal, ou quem sabe, poderia ser o próprio lobisomem que estava passando por ali.


Billy tinha por volta de quinze anos de idade e, por ser meio curioso, ficou de espreita, observando de longe os cães latindo, encurralando o suposto lobisomem, até o instante em que aquela figura estranha sumiu do alcance de seus olhos. Billy presume que aquele ser, homem ou lobisomem, muito arisco e esperto que o fora, tenha entrado pela porta dos fundos da casa de certa pessoa do conhecimento dele e ali passado o resto da noite.

Minutos depois do sumiço do suposto lobisomem, os cães pararam de latir e um detalhe que deixou Billy ainda mais curioso que antes, foi ter a certeza de que a encruzilhada mais próxima do local onde o ser meio lobo e meio homem ficou enfurnado, distava pouco mais de mil metros e seria lá que aquele bicho estranho, obrigatoriamente, teria de retornar para voltar a ser o bicho homem de antes.

As perguntas que até hoje não querem calar são:

- Será que em pleno século XXI ainda existe alguém que acredite, piamente, na existência do ser fantástico do nosso folclore chamado de lobisomem?

Ou será que ele é apenas mais um dos seres fantasiosos que fazem parte da coletânea de histórias e causos curiosos e fantasmagóricos que o nosso povo conta?

Seja lá o que for, Billy entende que uma situação ainda ficou para ser esclarecida:

Quiçá, aquela figura estranha, que de uma hora para outra sumiu por trás daquela casa, fazendo com que os cães parassem de latir, se tratasse de um homem, estrategicamente disfarçado, que teria se arrependido de se transformar em lobisomem e adentrou pela porta dos fundos daquela casa para passar o resto daquela noite, jogando conversa fora com alguma pessoa que o conhecia de carnavais passados...


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