Elas xingam da tampa do banheiro.
Da poeira nos móveis.
Reclamam de a gente pisar no chão que acabou de ser encerado.
Dá toalha molhada na cadeira.
Do livro fora do lugar.
Ficam chateadas com a celulite.
Bravas com a TPM.
Jogam indiretas – o namorado da minha amiga mandou flores pra ela.
Falam que nem adoecer elas podem, se não esta casa vira uma zona, um dia fora e olha o que você já fez, assim não dá.
Você xinga da tampa do banheiro porque nasceu perfeita e não tem que segurar uma coisa fora de controle...
Quero ver você numa festa sem banheiro.
Deixa a poeira baixar.
Livro de auto-ajuda que a sua amiga te deu, separei pra pôr no fogo.
Depois eu encero pra você.
Amanhã eu guardo a toalha molhada.
Celulite eu nem sabia que você tinha e ela já da uma risadinha.
TPM eu te conheço.
A sua amiga ganhou flores do namorado e daí!
Ele um é um sacana, fedorento e briga o ano inteiro com ela.
E depois manda flores, rá, rá.
Se você adoecer eu também adoeço.
Que graça tem se você não reclamar.
Você tem graça em tudo.
Ah, eu me esqueci entornei um copo de vinho no chão.
Eu sabia.
Vem cá.
Não.
Vem.
Olha o que eu escrevi.
Vem pra cama.
Não.
Eu já estou debaixo da coberta e ta frio.
Espera eu acabar de limpar a sujeira que você fez na sala.
Larga isso.
Já vou, porra!
Arreda prá lá.
Para mim não existe dia Internacional da Mulher.
Existe você.
Mulher é metade e sem esta metade eu não seria verdade.
Apaga a luz.
Seu folgado...
Autor Marco Túlio de Souza
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