Aprígio e Valdomiro chegaram em Florianópolis por volta das quatro horas da tarde de uma sexta-feira chuvosa. Resolveram se hospedar num pequeno hotel próximo à entrada da cidade. O quarto era minúsculo, porém limpo, e, além de uma cama razoavelmente confortável, havia um colchonete sobressalente, onde Aprígio procurou logo esticar o corpo.
Às nove da noite os dois saíram do hotel em direção aos principais pontos de prostituição de Floripa. Valdomiro era o guia por razões óbvias, já que Aprígio nunca estivera na capital catarinense nem tampouco em qualquer ponto de prostituição. Primeiro foram à Praia de Canasvieiras que fica ao norte da ilha, local que atrai muitos turistas latinos, principalmente argentinos e uruguaios.
Por lá encontraram uma velha amiga de Valdomiro e de Zé da Banguela, a quem foi pedida informações sobre Anabella. Para sorte de Aprígio, Penélope, como era conhecida na redondeza, disse que a conhecia bem, e que a tinha visto à duas horas próximo a um bar da Joaquina.
Valdomiro, então, convenceu a ainda bela prostituta (apesar dos seus quase cinqüenta anos) a levá-los até aquele local. Chegando lá, o trio começou a procurar a moça por entre ruas e avenidas sem muito êxito, até chegar de frente a uma boate muito freqüentada principalmente pelos surfistas da cidade.
Em meio a uma pequena multidão que gritava sem parar, duas mulheres degladiavam-se violentamente, para delírio dos freqüentadores da boate. Aproximando-se da confusão, Penélope puxou Aprígio pelo braço e mandou que ele fosse separar as duas brigonas, simplesmente porque uma delas era sua irmã.
Aprígio não sabia o que dizer, muito menos o que fazer. Estava tão próximo de alcançar seu objetivo, mas ao mesmo tempo envergonhava-se daquela cena draconiana protagonizada por sua irmã. Valdomiro vendo a indefinição do seu amigo, correu para o meio da confusão, atirando-se em direção de uma das arruaceiras.
O impassível Aprígio assistiu o desfecho da briga com lágrimas nos olhos, porém sem saber direito para onde olhar. As duas mulheres eram bem parecidas. De tez bronzeada, loiras e usando vestidos curtos e colados ao corpo, elas pareciam gêmeas siamesas.
Penélope foi quem primeiro falou com Anabella, a quem tratava de “Princesa da Joaquina”. Repreendendo-a num primeiro momento, passou, em seguida, a mimá-la, conferindo-lhe os arranhões e as equimoses deixados em seu corpo.
Com a situação sob controle – a outra garota já havia deixado o local bastante machucada – Penélope aproximou Aprígio de sua irmã, apresentando-os. Anabella, de início, pensou tratar-se de alguma piada de mau gosto de sua amiga, dizendo que não tinha irmão, pai, mãe ou família, apenas uma gatinha persa que lhe fazia companhia nos dias de descanso. Confirmada a história, Anabella abraçou-se com Aprígio por um longo tempo, e, entre choros e soluços, implorou-lhe para que a ajudasse a sair do buraco em que se meteu.
!!Próximo Capítulo: “Os casos amorosos de Anabella – 1ª parte”
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