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Cronicas-->O PINHEIRO INCONFORMADO -- 17/11/2008 - 10:12 (Umbelina Linhares Pimenta Frota Bastos) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O PINHEIRO INCONFORMADO


Era um lindo pinheiro nascido no coração da mata, os raios do sol acariciavam-no, a brisa brincava alegremente em volta dele e a pouca distància cresciam muitas outras árvores da mesma espécie, umas maiores, outras menores, umas mais velhas, outras mais novas do que ele . Mas o pequeno pinheiro não estava satisfeito com a sua sorte . Dizia : Seu fosse mais alto como esses outros !... suspirava a arvorezinha . Os meus ramos estender-se-iam a grande distància, os pássaros viriam procurar-me para fazerem seus ninhos, e quando o vento soprasse eu inclinar-me-ia ao seu impulso como fazem os outros . Quando chegou o outono vieram lenhadores cortar as árvores mais altas, para decorar as residências das pessoas nobres, como faziam todos os anos. E o jovem pinheiro, estremecia ao ver como caiam os troncos mais grossos provocando um ruído espantoso e sendo carregados em grandes carros para muito longe da mata. Para onde os teriam levado ? Qual seria sua sorte ? Quando chegou a primavera regressou de terras distantes uma bela garça .
___ Você vem do lugar para onde levaram as árvores cortadas ? A garça ficou pensativa, mas depois movendo afirmativamente a cabeça respondeu :
___ Durante a minha viagem , encontrei vários barcos com esplêndidos mastros, feito sem dúvida alguma das árvores pela quais você tanto se interessa, pois cheiravam a pinheiro . Muito elegància a deles !...
Oh ! suspira o pinheiro, se eu tivesse suficiente altura para poder navegar, seria feliz com a tua juventude, com sua vida fresca e nova. E a brisa beijou a arvorezinha e o orvalho derramou sobre ele duas doces lágrimas, mas o pinheiro não queria compreender esta terna linguagem.
Quando se aproximou o Natal, viu serem derrubadas uma grande quantidade de pequenas árvores, dentre as mais belas, e serem todas levadas . Para onde as levaram? perguntou o jovem pinheiro . Nós bem o sabemos ! Nós bem o sabemos ! gorgearam os pardais, muitas vezes os vemos através das janelas das casas na cidade ! Bem conhecemos o seu paradeiro !
Espreitando pelas persianas já os temos vistos , colocados num quarto, enfeitados com flores douradas, confeites, brinquedos e muitas ... muitas luzes . E depois ? e o que acontece depois ? perguntou a arvorezinha estremecendo, e depois ? Não sabemos mais nada, mas tudo aquilo era lindíssimo !... Não existem palavras que descrevam uma coisa tão linda.
Quem sabe não me estará reservada essa invejável sorte ? A arvorezinha ficou toda entusiasmada. Isso é muito melhor do que navegar ! Como desejo que cheque o Natal !. Seja feliz com sua liberdade e a sua juventude !... __ disseram-lhe o ar e os raios do sol .
Mas o pinheiro descontente nunca se sentia feliz . Cresceu, e logo chegou o inverno, depois o verão e ali permaneceu com suas belas folhas verdes . Que lindo pinheiro ! ... Diziam todos que o viam . E quando chegou o Natal foi o primeiro a cair . A serra destruidora cortou o robusto tronco e o lindo pinheiro caiu por terra emitindo um profundo gemido . Ele sentiu uma angustia e um desfalecimento como nunca tinha experimentado . Ao invés de pensar na sorte invejável que o aguardava, sentiu uma grande tristeza ao ver que estava se afastando para sempre da sua morada, não veria mais aqueles antigos companheiros, nem as flores que cresciam a sua sombra protetora, nem os pássaros que pousavam em seus ramos .
A viagem não foi muito agradável . Quando o pinheiro recuperou-se do mal estar causado pelo corte encontrou-se num amplo salão luxuoso, mobiliado . As paredes cobertas de quadros, jarras de porcelanas da China com lindos desenhos . Havia também cómodas, poltronas , sofás e mesas com álbuns cheios de fotografias .
O pinheiro foi colocado em um enorme vaso, cheio de pedras e areia, adornado com papeis dourados. Como tremia o pobrezinho ! ... Que sorte lhe estaria reservada? Entraram várias pessoas e começaram a enfeitá-lo. Penduraram bolas coloridas de diferentes cores e tamanhos, e vários outros enfeites. O papai Noel foi colocado na sua copa junto com uma grande estrela, sinos e làmpadas coloridas . Voltaremos a noite para acendê-la , disseram quando se foram . Quando chegará a noite? Suspirou o lindo pinheirinho . Estou muito curioso para ver as luzes acesas, o que acontecerá depois ? E os pardais ? Virão espreitar-me através das persianas ?
Não demorou e as luzes foram acesas, e as portas da sala se abriram. As crianças, jovens casais, senhores e senhoras ficaram silenciosos defronte da árvore enfeitada . Os meninos gritavam, pulavam entusiasmados com seus novos brinquedos e ninguém se lembrava mais do pinheiro , exceto a dona da casa que observava com atenção se não estava faltando alguma coisa .
As crianças empurravam o avó para as proximidades da árvore dando pulos de alegria . O pinheiro ficava pensativo ! ... Sete dias depois os criados entraram no salão. Agora vai começar para mim uma boa vida, pensou o pinheiro. Mas os empregados começaram a tirar os enfeites, bolas, fitas etc., e o levaram para um quarto e atiraram-no num canto escuro onde não entrava nenhum raio de sol, ou luz de qualquer espécie . O quê quer dizer isto ? O pobre pinheiro ficou ali , encostado na parede , dias e dias sem que ninguém entrasse na tenebrosa prisão . A cada dia era empurrado para um canto mais e mais escuro .
Estava chegando o inverno, pensou , a saudade que o torturava era imensa ! Oh! como era agradável a mata onde o sol brilhava com todo o seu esplendor e onde os pássaros cantavam alegremente . Eu era feliz ! E na verdade tinha sido os seus melhores dias . Lembrou-se de tudo que tinha passado na noite de Natal . Sentiu-se abandonado . Quando o tirariam dali ? Na manhã seguinte várias pessoas foram remover caixas e móveis e também tiraram o pinheiro do seu canto atirando-o para o meio do quarto . Outro empregado o agarrou e desceu escada abaixo . A árvore pensou feliz que agora iria começar uma nova vida . Sentiu a carícia do vento e do sol , sentiu o aroma dos jardins e das flores . Vou de novo viver ! pensou . Mas suas esperanças foram morrendo quando viu que seus ramos estavam secos e amarelados . Foi lançado sobre um monte de galhos . Presas em seus galhos algumas estrelas de papel ainda brilhavam aos raios do sol .
O pinheirinho lançou um olhar triste em direção às flores do lindo jardim da praça. Lembrou-se dos venturosos dias que havia passado na mata, da fantástica noite de Natal e das estórias que lhe contavam . Tudo, tudo já passou ! pensava o pobre pinheirinho . Tive tudo para ter sido muito mais feliz , mas não o fui porque não soube contentar-me com a minha sorte !
A estória do pinheirinho inconformado terminou quando partiram-no em pedaços transformando-o numa fogueira . Foram os últimos, mas mesmo assim , belos e fulgurantes lampejos de luz que seus olhos viram .


Umbelina Frota, escritora, poetisa e presidente da (ALCAI) Academia de Letras, Ciências e Artes de Inhumas Go.

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