Suzana e os Mijões de Casa
O texto “Suzana e os mijões de rua” recebeu vários elogios. Tanto é que Suzana já pensa em fundar um clube com dezoito mulheres e dois homens, que se comprometeram a pelo menos buzinar quando virem um mijão no paralelepípedo. Mostrei-lhe todos os comentários sobre seu texto, ela agradeceu e ficou muito contente com os adeptos.
Agora, a Su foi mais longe, diga-se longe demais, deixando seus homens em polvorosa. Agora ela quer que o seu marido e o filho adolescente mijem em casa sentados na privada.
Ela alega que eles, quando vão ao banheiro, são muito mal educados e egoístas, não pensam nela. Para punir o filho, ela vai cortar alguns passeios e a Internet, para o marido ela promete fechar o ‘parquinho de diversões’.
Foi num encontro de amigos, para apreciarmos uma peixada do marido da Su, que ela defendeu a tese de que, ao fazer xixi em pé, o homem respinga urina em toda a borda do vaso e também no chão. A mulher, ao sentar no vaso, mesmo passando um papel na borda, não estará usando um assento limpo. Mesmo que levante o assento a borda do vaso não deixa de ser ‘um criatório de bactérias que podem infectar a mulher; e por ser a vagina um órgão interno torna-se mais difícil a cura de doenças.’
Ao ouvirmos aquilo, nós homens nos entreolhamos preocupados e ficamos com a sensação de que a Su tinha razão. Diante do poderoso argumento, seu marido tenta sobreviver e salvar ‘o parquinho’: “Pessoal, isso é um absurdo! Mijar em pé é que nem tomar cerveja, é prova de masculinidade, de independência; é coisa de varão.”
Ao que a Su retrucou: “Respeito seus argumentos. Então você fica com sua fortaleza, sua masculinidade e sua ‘varinha’; e eu fico com o ‘parquinho fechado’, que nem na Greve do Balaio*, lembra-se?
Ao perguntar ao filho o que ele achou da idéia de sua mãe, ele encerrou a conversa dizendo: “Por mim tudo bem... O problema é eu esquecer e fazer isso no colégio. Se alguém me flagrar mijando agachado, vai ser tanta gozação que terei de ir mijar noutro de colégio ou até em outra cidade.”
Dia desses, pressionado pela mulher, um colega que estava naquele almoço me ligou sugerindo que fizéssemos um teste prático de como seria mijar sentado. Liguei para os outros e topamos a parada. Uma semana depois, eis os resultados:
• Fomos unânimes ao afirmar que as bordas dos vasos são pequenas e o pênis enrosca na tampa, o que é anti-higiênico.
• Quando queremos urinar, o pênis sempre fica ereto e isso o machuca quando se tenta apontá-lo para baixo, sobretudo pela manhã com o ‘tesão do mijo’.
• Não sei se é mentira, mas um deles se queixou que os vasos são rasos e que o seu pênis se afogava na água.
* Greve do Balaio é o movimento que as putas fizeram contra a mudança dos puteiros da Cidade Alta para a Baixa no livro Tereza Batista Cansada de Guerra, de Jorge Amado.
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