Pra não dizer que não falei das flores... E de Cuba
Athos Ronaldo Miralha da Cunha
Nesse último mês o foco dos noticiários ficou por conta da guerra do Iraque. Assistimos em tempo real uma superpotência invadir uma nação e derrubar um governo. Era uma ditadura, mas essa atitude imperialista não teve o respaldo da ONU e nem da opinião pública mundial. A soberania de um país foi desrespeitada.
Foram tantas as bombas jogadas no Iraque que ressuscitamos as imagens da Rosa de Hiroxima. O emotivo poema de Vinicius rodou pela internet. Bagdá transformou-se em um bosque de cogumelos pretos, um povo foi martirizado e inocentes foram mortos, feridos e mutilados.
Laudas e laudas foram escritas sobre democracia, liberdade, soberania, paz e Direitos Humanos. O movimento pacifista mundial teve uma importância nesse contexto. O mundo mostrou que está atento aos desmandos dos poderosos e cobrará justiça e paz. Se em 11 de setembro de 2001 o mundo mudou, com essa guerra do Iraque o mundo mudou de novo. São importantes momentos da história da humanidade que jamais serão esquecidos.
Portanto, podemos afirmar peremptoriamente que democracia não combina com prepotência e ditadura, seja ela de esquerda ou direita (para ser ortodoxo e compreendido, pelos ortodoxos).
Não haverá a partir de agora um país com desenvolvimento – solidário e social – sobre o manto de uma ditadura. Liberdade de imprensa, pluripartidarismo e direito ao voto são pressupostos de uma democracia, de um povo sujeito de seus atos.
A imprensa noticiou o fuzilamento de três seqüestradores de uma balsa em Cuba. Um assassinato sumário diante dos olhos e das lentes do mundo. Para um país que pretende ser referência nas políticas sociais é inconcebível o instrumento da pena de morte. Posiciono-me contrário a pena de morte por ser favorável a vida. Não estou enquadrado na esquerda que olha para Cuba de olhos vendados. Temos que enxergar o mundo como a economia olha, globalizada. Temos que globalizar a paz, o bem-estar, a economia solidária. Enfim, temos que globalizar a vida.
Sou contra qualquer regime de exceção. Contra todas as guerras e contra todas as formas de terrorismo. Cuba, que foi inspiração dos que amavam os Beatles e o Rolling Stones, dos que usaram uma boina preta e lutaram por uma utopia, acaba de dar seu último suspiro. Cuba definha. Não há mais fundamentos ideológicos para autoritarismos e para ditadores. Não há ideologia que explique afronta aos Direitos Humanos, perseguição política e controle da mídia.
Para concluir gostaria de dizer que não existem pacifistas de ocasião. Existem, sim, pacifistas e militantes pelos Direitos Humanos. Entretanto, prolifera nos EUA e na ideologia conservadora, uma verborragia de “americanófilos” silenciosos e cúmplices ante a invasão do Iraque.
Cogumelos pretos! Ou rosas orientais? |