Tenho observado como as empresas estão procurando conquistar os seus clientes, ultimamente. O preço baixo sempre foi uma boa estratégia, mas é difícil conciliá-lo com a qualidade desejada. Que não me deixem mentir as gasolinas adulteradas que cada vez mais encontramos por aí. Já a estratégia do foco na qualidade inverte a situação, pois normalmente só a elite consegue pagar mais pelo maior esmero de um produto fabricado ou de um serviço oferecido. No Marketing, a criatividade é indispensável e, por isto, a cada dia, surge uma nova proposta tentando persuadir as pessoas.
Nos últimos anos, surgiu uma opção que considero revolucionária: os programas de fidelidade. Hoje em dia, em tudo que é setor econômico, existe uma empresa fazendo uma proposta do gênero. Se estamos acostumados a viajar de avião, a sugestão é ir sempre pela mesma companhia para ganhar pontos e, no final, ter passagens grátis com os pontos conquistados. Se compramos nas lojas, poderemos utilizar um cartão exclusivo, que também nos permite acumular pontos para, mais tarde, convertê-los em parafernálias que julguemos úteis. Até na internet já é possível participar de programas de fidelidade.
Gostei tanto da proposta, que estou pensando seriamente em implantá-la na minha casa, com a minha mulher e os meus filhos. Não estou falando da fidelidade conjugal, pois se supõe que esta já é parte de outro pacote. A minha idéia é criar várias atividades que, se cumpridas rotineiramente por eles, darão direito a pontos que poderão ser convertidos a prêmios. Abaixo, um exemplo de como seria o programa para os meus filhos. Para ganhar pontos, teriam de cumprir certas obrigações, tais como:
1.Nenhuma cárie no periódico odontológico (Anual) – 1.000 pontos;
2.Todas as notas escolares acima de 7 (Anual) – 2.000 pontos;
3.Respeito e educação, inclusive entre eles (Mensal) – 400 pontos;
4.Uso exclusivo da mesada recebida (Mensal) – 300 pontos;
5.Respeito ao sono dos pais (Diário) – 30 pontos.
E assim por diante. Os prêmios, por exemplo, poderiam ser:
5.000 pontos acumulados – Um final de semana sem estudar;
10.000 pontos acumulados – Passeio no shopping;
20.000 pontos acumulados – Três novos CD’s para o “game”;
50.000 pontos acumulados – Mesada em dobro.
A meninada poderia ter muitos outros prêmios. Seria a forma contemporânea ideal de sustentar os direitos e deveres dos filhos com os pais.
No caso da esposa, o programa exigiria um pouco mais de cautela, para não criar constrangimentos conjugais. Se não for bem feito, o tiro pode sair pela culatra e pôr fim ao relacionamento, em vez de estreitá-lo. Abaixo, algumas sugestões de obrigações, sua periodicidade e o respectivo número de pontos a conquistar:
1.Ficar sem falar na hora do telejornal (Diário) – 100 pontos;
2.Poder trocar de canal na hora da novela (Diário) – 100 pontos;
3.Ler e exercitar os ensinamentos do livro Surrendered Wife, de Laura Doyle (Diário) – 200 pontos;
4.Não pegar dinheiro na carteira do marido (Diário) – 500 pontos;
5.Não fazer compras inúteis (Semanal) – 1.000 pontos;
Os prêmios teriam de ser mais significativos, para justificar tais sacrifícios. Exemplos:
5.000 pontos acumulados – Almoçar fora;
10.000 pontos acumulados – Final de semana viajando;
20.000 pontos acumulados – Participar da festa de um parente dela;
50.000 pontos acumulados – Dois dias prestando atenção no que ela fala.
Claro que as mulheres poderão criar os seus programas de fidelidade específicos. O que procuro fazer valer é a idéia. Aliás, pensei agora em propor um programa de fidelidade para a leitura de contos e crônicas, mas vou deixar essa discussão para uma próxima oportunidade.
